Encontro com Marcelo Barros reflete cuidado com a vida humana em Passo Fundo, RS

Por Victória Holzbach

E quando caminho no meio do povo, por campos e ruas de nossas cidades.
Vejo no rosto de tantos pequenos as marcas da dor e que é preciso curar.

Inspirados pelo desafio de cuidar da vida humana, cerca de 600 agentes de pastoral das 53 paróquias da Arquidiocese de Passo Fundo estiveram reunidos neste sábado, 08, para o 2º encontro do Ano do Cuidado com a Vida. A iniciativa integra o 16º Plano de Pastoral e está sendo desenvolvida desde o início do ano, provocando uma atenção especial voltada ao Planeta Terra e a Vida Humana.

O primeiro semestre reforçou o cuidado com a terra, água, semente e agroecologia. Já a partir do mês de agosto, as paróquias e comunidades se voltam para o cuidado com o ser humano, olhando para a vida na família, para a alimentação saudável e para a vida nova que brota do encontro com o outro e com Deus.
O encontro deste sábado contou com a assessoria do Monge Marcelo Barros, que trabalhou a necessidade de cuidar da vida como caminho espiritual e pastoral. Segundo ele, espiritualidade é vida conduzida pelo Espírito, ou seja, reger as nossas ações pelo Espírito de Deus. "Jesus, ao celebrar a Páscoa, foi lavar os pés de seus irmãos e irmãs. Esse é o Seu grande gesto", explicou, questionando como é possível lavar os pés do outro sem ternura, sem toque, sem relação. "O cuidado com a vida é o núcleo da nossa pastoral", ressaltou.

Um dos momentos de maior destaque do encontro foi a conhecida "fila do povo", que proporcionou aos participantes a oportunidade de comentarem aquilo que acharam importante. Para Ilse Barth, de Selbach, a Igreja precisa mesmo estar em saída. "Igreja para fora não é só cumprir e decorar os dez mandamentos. Mas é abrir o coração para toda a comunidade", afirmou. Antônio dos Santos, seminarista, reforçou a importância de perceber o Deus no outro, especialmente nos pobres e nas periferias. "Precisamos deixar-nos envolver. Levar Cristo e contemplar o Cristo que está no outro. Manter a essência e aprender a se inserir no meio daqueles que mais necessitam", comentou.

"Hoje eu me senti Igreja. Acredito em uma Igreja pra fora e estamos caminhando pra isso. Sou fã do papa Francisco e acredito que vamos fazer um bom trabalho", disse GeniBaldissareli, agente de São Valentim do Sul. O Reitor do Santuário Nossa Senhora Aparecida, padre Mateus Danieli, destacou que o projeto do Ano do Cuidado com a Vida também vai ao encontro das propostas para a Ação Evangelizadora da Igreja no Estado. "Precisamos pensar a Igreja como espaço de relações, tanto internas como com a sociedade", destacou.

O assessor Marcelo Barros salientou durante o encontro o desejo de uma Igreja pobre, despojada de poder, missionária e pascal, que esteja a serviço da libertação de toda a humanidade e de todo ser humano em sua integridade, conforme proposto pela Conferência de Medellín. "A Igreja não pode ser conivente com a opressão em hipótese alguma", realçou. Para concluir, Marcelo apontou as propostas apresentadas pelo papa Francisco para a vivência do cuidado com a vida humana a partir do projeto de Deus: Fé e confiança no projeto, restauração da dignidade política, resgate da sacralidade da Palavra, estilo de vida anticonsumista, conversão, humildade e coerência.

O encontro foi concluído com um trabalho em grupos que apontou algumas pistas de ação para a arquidiocese, tanto no fortalecimento das pastorais sociais como no desafio de abranger públicos ainda não atendidos pelas pastorais da arquidiocese.

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