Por Agência Ecclesia
O Equador, um país "cheio de recursos mas nas mãos de algumas famílias", onde o poder político "manipula" e a população não desiste de ter "esperança", recebeu neste domingo o Papa Francisco. A Irmã Maria do Carmo Bogo, missionária comboniana, viveu em Esmeraldas, uma cidade no norte daquele país sul-americano, o primeiro a receber o Papa, numa viagem apostólica. Há mais de 60 anos no Equador, as missionárias combonianas apostam na formação e no apoio médico aos mais carentes.
"A Igreja católica quer ajudar a esclarecer e a formar as pessoas. Temos escolas e clínicas para atender quem não tem recursos", indica a religiosa missionária à Agência ECCLESIA. Formada em comunicação social, entre 2002 e 2004 trabalhou na rádio diocesana Antena Livre, em Esmeraldas, onde procurava dar "notícias que outros não davam" e estar próxima do povo, ajudando a formar consciências. A religiosa assinala o "sentimento de esperança" que os equatorianos mostram apesar da "corrupção e manipulação".
"Nas universidades os jovens pobres não podem entrar. Em Esmeraldas, havia uma menina que trabalhava comigo que queria melhorar de vida e entrar para a faculdade e estudar. Mas era muito difícil e não havia uma clareza quanto ao que pagar mensalmente. Iam exigindo dinheiro todos os dias e não se sabia porquê. A corrupção está em tudo. Um jovem que não tem uma família que o ajude não consegue", disse a religiosa.
É um país "muito rico em petróleo e frutas", mas onde a "riqueza fica nas mãos de poucos", o que recebe o Papa, um contexto, afirma a Irmã Maria do Carmo, que Francisco não podia deixar de visitar.
"Eles sentem que o Papa lhes pertence, como cidadão da América Latina, e esperam que lhes deixe a esperança, tão necessária para continuar a lutar pelos seus direitos e a viver". A acompanhar a visita de Francisco à distância, a missionária comboniana espera ver sublinhados apelos "especialmente dirigidos aos políticos" de "atenção aos mais débeis e fracos" e de "não abandono dos pobres".