Alfredo J. Gonçalves *
Nos últimos anos, essas duas palavras - Migração e Mediterrâneo - tornaram-se quase sinônimos e, ao mesmo tempo, quase indissociáveis.
O certo é que um fluxo migratório massivo, contínuo e mais ou menos desordenado, proveniente da margem sul em direção à margem norte do mar, particularmente dos países da África (Líbia, Egito, Eritreia, Sudão, Nigéria, Somália, Tunísia...) e dos países do Oriente Médio (Síria, Iraque, Palestina, Afeganistão, Líbano, Jordânia...), estreitou entre si o fenômeno sociológico da Migração e a denominação geográfica do mar Mediterâneo.
Hoje, 7 de maio de 2015, nada menos de 14 embarcações foram abordadas pela Guarda Costeira italiana nas proximidades da Líbia. Resgatados cerca de 1.500 pessoas, mas fontes não confirmadas estimam em mais de 3.000 o número de migrantes, refugiados e fugitivos em tais embarcações.
Na mídia em geral e na opinião pública, correm vozes de que uma multidão incalculável de pessoas estaríam esperando do lado de lá para embarcar em direção ao sul da Itália (e com menor intensidade da Grécia), aventurando-se na busca de um futuro menos carente no velho continente europeu.
As estimativas vão de 500 mil a 1 (um) milhão, com expressivo número de mulheres e crianças. Deixam atrás de si terras devastadas pela pobreza, pela violência e por inúmeros conflitos armados.
Autoridades italianas, por outro lado, sobretudo nas Províncias do norte do país (Lombardia, Piemonte, Venezia...), emitem um alerta aos responsáveis municipais para o "risco de receber mais migrantes". Quem o fizer, afirmam, "deve arcar com todas as consequências".
"Uma bomba está parar explodir" - concluem tais autoridades.
Quanto aos demais membros da Comunidade Europeia, a resposta ao apelo dos migrantes e da Itália, tem sido tíbia e tímida, para não falar do rechaço puro e simples por parte de alguns países.
* Alfredo J. Gonçalves, CS, é Conselheiro Geral e Vigário dos Misssionários de São Carlos.
Fonte: Revista Missões