CPT lança caderno sobre conflitos no campo em 2014

Stephen Ngari

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) - Regional São Paulo, lançou no sábado, 9 de maio, no auditório da prefeitura de Santo André, o trigésimo caderno "Conflitos no Campo Brasil 2014". O evento reuniu cerca de 50 pessoas, representantes de vários movimentos sociais, como o dos Sem Terra (MST), e o dos Atingidos pelas Barragens (MAB), além de líderes eclesiásticos da Igreja Católica e Ortodoxa.

O evento começou às 10h com acolhida da coordenadora regional, Andrelina Vieira. Logo após dom Nikolaos de Moreas, o Arcebispo de Lorde Mestre, fez a sua apresentação. O arcebispo falou sobre a terra do ponto de vista teológico. É um bem que Deus entregou à humanidade para cuidar e tirar dela o seu sustento.

O agrônomo, Raimundo P. Silva, que trabalhou no Incra, apresentou as estatísticas do território brasileiro. Somente 1% é ocupado pelas cidades, 99 % faz parte da área rural, sem ocupação, ou com menos de 20% da população brasileira. Da área rural ,somente 57% é registrada como ocupada. O resto, 43%, ninguém sabe quem ocupa ou o que acorre nestas terras. O Brasil, desde a época da colonização, sempre foi ocupado pelos latifúndios. Os pequenos são obrigados a produzir para os grandes. A produção familiar ficou à margem da grande produção.

O esquema de produção continua até hoje. O valor da produção é dinheiro. O latifúndio que é a base de todas as lutas pela terra tem sua produção focada ao mercado capitalista. Além da violência, o latifúndio promove monocultura que interrompe o balanço ecológico. Essa realidade gera multiplicação de doenças e pragas. A consequência é o uso cada vez maior de agrotóxicos.

O senhor Ruben Siqueira, CPT-Bahia, apresentou o caderno. O patamar de conflitos no campo no Brasil todo continua elevado. Depois de ter uma queda no ano 2013 em relação aos outros anos, voltou a aumentar no ano passado. Em 2014, no total aconteceram 1286 casos de conflito por terra, por água e por trabalho. Nesses casos, 817.102 pessoas foram afetadas com 36 assassinatos, enquanto o trabalho escravo registrou 141 casos com 2.787 pessoas como vítimas de escravidão.

O evento foi agraciado pela presença de uma comunidade indígena Tupi-Guarani, de Parelheiros. Apresentaram duas danças e seus artesanatos. O grupo agregou a sua voz ao clamor pela justiça e o direito, principalmente em luta contra o PEC 215 e a demarcação de suas terras, que ainda não foi realizada. Às 16h o evento foi encerrado com mais uma dança indígena e bênção do arcebispo, dom Nikolau.

Fonte: Revista Missões

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