CPI da violência contra jovens negros e pobres faz audiência pública no Alemão

Agência Brasil

A comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a violência contra jovens negros e pobres realizou hoje (4) audiência pública em uma escola da favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, para debater as violações de direitos humanos na localidade e vai ouvir, ainda nesta segunda-feira, na sede da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), 12 representantes de movimentos sociais organizados que trabalham com a questão da violência nas comunidades.

O presidente da CPI, deputado Reginaldo Lopes (PT/MG), ressalta o compromisso da comissão com políticas públicas para prevenir a sociedade e reduzir o número de homicídios no Brasil: "Queremos ouvir as lideranças familiares e as vítimas de homicídio ou de violação de direitos humanos, além de proposições, e trazer esses depoimentos para o nosso relatório".

A audiência pública no Alemão também reuniu representantes da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, da Polícia Militar e da sociedade civil, além de gestores das secretarias estaduais de Educação e de Assistência Social e Direitos Humanos.

Integrante do Instituto Raízes e Movimento, grupo formado por jovens moradores que atua desde 2001 no Complexo do Alemão, Allan Bruno Pinheiro criticou a presença de uma base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) dentro do pátio do colégio Caic Theóphilo de Souza Pinto, onde ocorreu a audiência.

"A política de segurança se equivoca mais uma vez em trazer a polícia para dentro da escola. Isso traz muita insegurança, por causa dos conflitos. Na fachada do colégio, há várias marcas de tiro, tornando os estudantes e professores daqui alvos e vítimas dos confrontos. Então, tem que se pensar em outra forma de combater a violência", disse.

Pinheiro pediu às autoridades mais atenção aos jovens do Complexo do Alemão, como uma das formas de combater a violência. "Diálogo é fundamental, mas não só isso: é preciso também uma efetivação das ações. No Alemão, temos 19 mil jovens entre 15 e 29 anos e precisamos ter políticas públicas que agreguem e deem espaço a toda essa juventude, de forma que os jovens tenham acesso a escolas, cursos e a formação. O Poder Público deve criar um plano de desenvolvimento individual para esses jovens", acredita.

O Complexo do Alemão é o primeiro local fora de Brasília a receber audiência promovida pela CPI. A reunião faz parte da segunda fase da comissão, que vai percorrer ainda outros estados. A motivação para a escolha do local da primeira audiência, segundo o deputado Reginaldo Lopes, foi o caso do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, morto no último dia 2, após ser baleado durante uma operação da Polícia Militar (PM) no Alemão. Na ocasião, A PM afastou os oito policiais envolvidos na operação. O crime está sendo investigado pela Divisão de Homicídios.

Fonte: www.agenciabrasil.ebc.com.br

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