Curso de Verão 2015: A afetividade precisa ser orientada para o compromisso social

Dirceu Benincá

As relações afetivas possuem uma dimensão ética e social. Elas não podem levar as pessoas a se isolarem no seu mundo. Além de evitar a indiferença e o individualismo, é preciso esforçar-se para contribuir com a construção de um mundo mais justo e igualitário. Essa reflexão foi feita pelo teólogo e professor Edward Guimarães na manhã desse sábado (10), no 28º Curso de Verão que se realiza na PUC/SP de 6 a 14 de janeiro, com o tema "juventude e relações afetivas".

Entre diversas chaves de leitura da questão da afetividade, trabalhadas no Curso de Verão, o professor mostrou que é fundamental relacionar o tema com o cuidado consigo mesmo e com o outro no sentido amplo. Incentivou todos a assumirem o imperativo ético de trabalhar pela cidadania, pela dignidade humana e pela construção de uma sociedade inclusiva e fraterna. Nesse sentido, destacou a atuação dos movimentos sociais que lutam pela transformação das estruturas injustas e pela consolidação dos direitos para uma vida digna.

Dijalma Francisco Souza, de Alto Alegre dos Parecis/RO, militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), ao refletir sobre o assunto, afirma: "O MPA tem uma luta pela permanência do agricultor na sua propriedade. A luta do movimento é fazer com que as famílias que já têm sua terra não vendam porque nós sabemos que o sistema capitalista quer tirar a gente lá do campo e trazer pra cidade. O nosso medo de vir pra cá é justamente inchar as ruas e favelas e ficar desempregado como tantas pessoas".

Participante do Curso de Verão pela primeira vez, Dijalma conta que essa realidade da grande cidade é nova para ele. "Eu só ouvia falar e via pela televisão. Agora pude presenciar com meus olhos quantas pessoas estão jogadas como se fosse lixo. Isso se liga à afetividade quando se trata esse assunto como uma questão de cuidado com as famílias. O movimento está fazendo isso. A vida é muito bela e pode ser vivida onde a gente está, lá no campo", declara.

Para o estudante negro Arley Novais dos Santos, representante do Conselho das Comunidades Quilombolas de Vitória da Conquista/BA, a afetividade é uma questão de aproximação, identificação e busca de mudanças. "Sempre nos aproximamos daquilo que nos identificamos. Quando eu chego em uma universidade ou nas comunidades quilombolas e encontro os meus iguais, então podemos lutar juntos para nos emancipar e nos empoderar", afirma. E acrescenta: "O tema da afetividade mostra que precisamos nos aproximar uns dos outros para juntos podermos fazer a mudança social a partir do chão da nossa realidade."

Fonte: Revista MIssões

Deixe uma resposta

quinze − seis =