Redação Correio do Brasil
Em meio à formação de seu novo ministério e a batalha jurídica que se anuncia diante da iminência da rejeição, pelo ministro Gilmar Mendes, do TSE, das contas de sua campanha eleitoral, a presidenta Dilma Rousseff tem uma missão ainda maior: estancar a sangria e reposicionar a Petrobras em um porto seguro em meio à tempestade de queda de preços do barril do petróleo no mercado internacional. Uma missão bastante complexa.
No momento em que a estatal, por meio da perfuração de poços na área do pré-sal, bate todos os seus recordes de produção, uma surpresa se formou nos mercados internacionais. Nos últimos três meses, o preço do barril caiu mais de 35%, descendo de US$ 100 para cerca de US$ 65 agora. O piso desta queda, dizem os especialistas, ainda não foi identificado.
O que parece ser apenas uma noticia desagradável para as finanças da companhia, porém, pode abrir contribuir para tornar mais fácil a missão da nova equipe econômica de promover ajustes na economia brasileira. Especialistas do setor consideram que a baixa no preço do barril cria a oportunidade que o governo esperava para a volta da Cide - o imposto embutido em cada litro de combustível vendido, extinto em ... . Mas, importante, sem que para isso seja preciso reajustar o valor do litro da gasolina e do diesel nas bombas dos postos, para o consumidor. Há a possibilidade, assim, de o governo engordar suas receitas, com a Cide, sem onerar o bolso do público. A questão será a de implementar essa alternativa.
No campo político, como se sabe, o campo de manobra em torno da Petrobras, para o governo, é bastante estreito. As descobertas da Operação Lava Jato assanharam a oposição e alcançaram repercussão internacional. Nos Estados Unidos, especialmente, a Petrobras se tornou alvo de investigação pela SEC e pelo Departamento de Justiça, além de ser acionada por advogados que representam acionistas minoritários que sentiram lesados pelo que chamam de "cultura de corrupção" na companhia.
Na soma de todos esse fatores, a Petrobras atingiu, na segunda-feira 8, seu menor valor de mercado desde 2005, com suas ações ON cotadas abaixo de R$ 11. O preço do barril do petróleo, enquanto isso, retornou ao nível de 2009.
Nesta terça-feira, os papeis da estatal abriram o dia na Bovespa descendo mais 3%, tragados para baixo também pela pressão internacional. A bolsa da China, refletindo os temores dos investidores, perdeu 5% em suas atividades do dia.
Dar um salto para a frente na Petrobras, agora, quando todos os elementos apontam para um retrocesso, é uma missão quase impossível. E a presidente Dilma está ciente das dificuldades.
- A queda nos preços do petróleo afeta as economias de todos os países, disse Dilma, no Equador, no final de semana, durante reunião da Unasul, certa dos reflexos imediatos nas finanças da estatal brasileira.
Para a Petrobras, a notícia da quebra nos preços internacionais do petróleo é impactante. A companhia está em meio a um processo de quebra de todos os seus recordes de produção de petróleo, superando todas as metas positivas do pré-sal. Simultaneamente, a Petrobras começa a enfrentar graves problemas com seus fornecedores. Centenas de pagamentos que eram feitos regularmente pela empresa foram suspensos, em razão das suspeitas em contratos levantados pela operação Lava Jato. Essa paralisação no relacionamento comercial com empresas de apoio já leva a greves, demissões, atrasos de salários e suspenção de atividades em estaleiros e fabricantes de plataformas e seus componentes.
Para citar um caso, a Sete Brasil, que teve entre seus funcionários de alto escalão o ex-gerente Pedro Barusco e é controlada pelo banqueiro André Esteves, do banco BTG Pactual, tem, segundo a mídia, uma dívida de R$ 300 milhões com seus fornecedores de perfuratrizes. Sem esses pagamentos, seus fornecedores já começam a demitir empregados às dezenas. Esse fenômeno negativo já perpassa boa parte da região litorânea brasileira.
No resumo da ópera, a bolsa despenca, o preço do petróleo cai, as dificuldades entre fornecedores da Petrobras se avolumam, as contas eleitorais da presidente Dilma devem ser rejeitadas e a oposição aumenta o ritmo das batidas nos bumbos da radicalização. Um tempestade perfeita, para ser enfrentada com toda a habilidade que a presidente puder exibir.
Fonte: www.correiodobrasil.com.br