Luiz Antônio de Brito, IMC
O processo de evangelização também inclui a dimensão profética da Igreja sobre a vida social dos povos. Seguindo essa filosofia, um comunicado à imprensa foi realizado no dia 6 de novembro de 2014 depois da Assembleia Ordinária dos Bispos Católicos no Quênia. O comunicado foi inspirado no texto bíblico do Evangelho segundo João 8, 32 e abordou três questões: insegurança, campanha de vacinação contra o tétano e corrupção.
A questão da insegurança no país não é novidade, devido à localização estratégica e aos grupos extremistas que constantemente ameaçam a segurança das fronteiras. Dessa vez, a questão é mais bem interna: 19 soldados foram mortos no norte do país no dia 3 de novembro enquanto tentavam controlar um conflito entre duas tribos; conflito este que se desencadeou devido à competição por lugares de pastagem e de ricos recursos hídricos e minerais recentemente descobertos. No comunicado, os bispos disseram que esse evento nos lembra o alarmante estado de insegurança no país e que eles querem ver menos falatório e mais ação por parte do governo para controlar a situação. Eles também lembram ao governo que é vergonhoso, mesmo depois de 50 anos de independência, ainda não vermos significante desenvolvimento. Segundo os bispos, não há estradas, escolas nem outros serviços essenciais. Os bispos propuseram uma igual distribuição dos recursos entre as várias regiões do país.
De 13 a 19 de outubro o governo realizou uma campanha de vacinação contra o tétano para mulheres entre 14 e 49 anos. Os bispos questionaram porque a campanha era destinada somente para mulheres na idade fértil, suspeitando que isso pudesse ser uma tentativa de controle de natalidade sem o consentimento das pessoas; o que depois foi confirmado com testes em laboratórios e com um fato mais agravante: a vacina contém elementos que tornam a pessoa permanentemente infértil. As suspeitas da Conferência dos Bispos Católicos no Quênia (KCCB) foram levantadas desde março deste ano quando o governo realizou uma campanha direcionada ao mesmo público. A Igreja no Quênia tem uma extensiva rede de instituições direcionada aos cuidados médicos da população com 58 hospitais, 83 centros de saúde, 311 postos de saúde e 17 centros de treinamentos médicos. Os bispos alertam as pessoas para evitar vacinação contra o tétano com a vacina que contém a substancia Beta-HCG (responsável por infertilidade) porque eles estão convencidos de que essa é uma maneira disfarçada de controle populacional.
Por último, mas não menos importante, os bispos dizem sofrer com o persistente problema de corrupção nos vários setores da sociedade. Eles dizem não ficar cansados de lembrar ao governo e à população que a corrupção é um câncer que está rapidamente comendo cada parte de nossa sociedade e roubando o futuro da juventude e das crianças.
Tanto a KCCB quanto outros setores religiosos e sociais estão unidos em colaboração com o governo e a sociedade para construir um país melhor. Exemplo disso foi a recente concluída Conferência sobre Transformação Social, organizada pela Tangaza University College (uma das instituições religiosas dedicadas à formação de missionários). Esta Conferência contou com a presença de grandes personalidades da Igreja como o cardeal do Quênia (John Njue) e o presidente do Conselho Pontifício para Justiça e Paz (cardeal Peter Turkson), além de várias personalidades do governo. O principal foco da Conferência foi como a sociedade e as organizações religiosas podem fazer mais pelo país. Esperemos que este seja um bom começo para a transformação social do Quênia.
Fonte: Revista Missões