Sínodo dos Bispos: propostos percursos penitenciais para divorciados recasados

Rádio Vaticano

Prosseguem os trabalhos da III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada aos desafios pastorais da família no contexto da evangelização.

Celebrações penitenciais de tipo comunitária para divorciados recasados que desejam retornar à comunhão eclesial: esse foi um dos caminhos propostos durante a Congregaçãona tarde de ontem, quinta-feira, dia 9. As atividades da manhã desta sexta-feira oram protagonizadas pelo testemunho dos auditores e auditoras presentes.

Com seus testemunhos concluíram a primeira semana de atividades na Sala do Sínodo, que em seus trabalhos destes dias teve o pronunciamento de 180 Padres sinodais. Os temas apresentados na oitava e nona reunião da assembleia foram sintetizados na coletiva do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi.

O tema "candente" debatido durante semanas e destacado pela mídia como se fosse o único desta assembleia recebeu notável espaço nos últimos pronunciamentos dos Padres na Sala do Sínodo.

Em particular, ressaltou o porta-voz vaticano, a assembléia ocupou-se dos divorciados recasados e das possibilidades que a condição deles encontre novos percursos de acolhimento no seio da Igreja:

"Um dos Padres ofereceu um modelo sobre como está buscando percorrer este caminho com os casais em questão, com as pessoas em questão, propondo interrogações para a reflexão sobre as consequências que aquilo que ocorreu pode ter tido para os filhos, ou mesmo se corrigiram os erros ou as atitudes injustas cometidas em relação ao outro cônjuge (...) Houve quem falou de formas, de atos eclesiais, com os quais buscar depois dar concretude a esse caminho penitencial. Por exemplo, celebrações, por assim dizer, 'jubilares' (...) a serem feitas inclusive comunitariamente."

Estreitamente ligado a este tema destaca-se o aspecto sacramental no que tange a possibilidade, por muitos evocada, de poder receber, sobretudo, a comunhão eucarística. Sobre este ponto, muito interessante, foi feita uma observação, frisou o Pe. Lombardi:

"Trata-se da observação que ressaltava o que havia feito o Papa São Pio X em seu tempo, permitindo a comunhão eucarística para as crianças: na época foi considerado extremamente revolucionário, extremamente inovador. Portanto, existem também exemplos de coragem por parte de um Papa - embora numa situação diferente daquela em que nos encontramos - ao refletir ou introduzir novidades no que pode referir-se à prática do acesso à Eucaristia."

Outro tema candente diz respeito à preparação para o matrimônio, que os Padres sinodais indicaram como algo do qual se deve cuidar com profundidade e por um tempo mais longo, vez que a brevidade dos percursos atuais - muitas vezes vividos pelos casais como uma imposição - não ajuda a compreender a sacralidade do vínculo de modo que, foi ressaltado, aquilo que afinal se percebe é a celebração de um rito mais do que do Sacramento.

Ademais, a assembleia sinodal sugeriu que se utilize o momento da homilia como lugar privilegiado para o anúncio do Evangelho da família.

As auditoras e os auditores presentes na Sala do Sínodo falaram difusamente sobre formação para o matrimônio e sobre acompanhamento dos casais. Os leigos sejam mais amplamente envolvidos nestes percursos de crescimento e de apoio, porque o "testemunho vivido" assume notável impacto nestes casos.

Da experiência das auditoras e dos auditores emergiu também - de modo análogo à convicção dos Padres sinodais, que esta quinta-feira reafirmaram a doutrina da Humanae Vitae de Paulo VI - o convite a aprofundar o conhecimento dos métodos naturais para a regulação da natalidade.

Sempre em sintonia com a opinião dos bispos, convencidos do peso da cultura e, consequentemente, do trabalho universitário em apoio à família, auditoras e auditores descreveram concretamente o peso específico do engajamento leigo tanto no campo acadêmico quanto no seio das instituições civis. Isso sem esquecer os frutos que o trabalho de muitos cristãos produz inclusive nos angulos mais sombrios da sociedade, observou o Pe. Lombardi:

"O fato de ter um tipo de testemunho e de pastoral exercidos também por leigos, que olha para as muitas solidões que existem no mundo de hoje nas grandes cidades (...) como um serviço que chega a tantas pessoas sozinhas ou em dificuldade independentemente de participarem da vida da Igreja. Portanto, um serviço generoso e aberto que vai além dos confins da comunidade, digamos, praticante."

A segunda parte da manhã, após os pronunciamentos dos auditores, foi caracterizada pela primeira reunião dos chamados "Círculos menores": 10 grupos - três nas línguas inglesa e italiana, e dois nas línguas francesa e espanhola - que iniciarão seus trabalhos na próxima semana após a "Relatio post-disceptationem".

Fonte: www.pt.radiovaticana.va

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