Regional Nordeste III inicia os trabalhos de preparação para Campanha da Fraternidade 2015

Antônio Evangelista, Luciano Santana e Mário de Carli

No período de 17 a 19 de outubro de 2014, na sede da arquidiocese de Salvador, BA, realizou-se o Seminário Regional de Formação e Animação para a Campanha da Fraternidade de 2015 com o tema: "Fraternidade: Igreja e Sociedade" e o Lema: "Eu vim para servir" (Mc 10, 45).

O Regional Nordeste 3 (NE3) é composto por 24 dioceses localizadas nos estados da Bahia e de Sergipe, e mais de 40 representantes diocesanos estiveram presentes ao encontro. O diácono Luciano Santana, da diocese de Vitória da Conquista, BA, coordenador regional da Campanha da Fraternidade, abriu os trabalhos com acolhimento aos participantes, motivando-os com a oração inicial.

Após o momento de oração, Antônio S. Evangelista (Toninho), representante da região Sudeste na ENAC (Equipe Nacional de Campanhas) conduziu os trabalhos, oferecendo como aquecimento ao tema as palavras do papa Francisco "prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e comodidade de se agarrar às próprias seguranças". E o evangelho de Mc 10, 45 "o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos" com essa reflexão fez a interpelação à Igreja, fiel servidora da palavra e mestra de misericórdia. Com esta perspectiva apontou o caminhar a Igreja na CF 2015: ir, partir, abrir portas, acolher!

Ao mencionar o Objetivo Geral que consiste em "aprofundar à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de Deus", afirmou: "temos aqui palavras pontuais e precisas, ou seja, a Igreja (todos os cristãos católicos) deve ter presente o Evangelho para ir ao encontro de todas as pessoas, grupos, entidades, associações, escolas e segmentos de toda a sociedade para ouvir, acolher e dialogar. Não mais como quem acha que sabe tudo, mas na perspectiva do Concílio Ecumênico Vaticano II, discernir os "sinais dos tempos" como uma mãe que acolhe todos os filhos e filhas.

O texto-base está organizado em três momentos. O primeiro deles propõe uma reflexão sobre o relacionamento entre a Igreja e a sociedade, iniciado no período da Cristandade e que continua aos nossos dias. De modo particular, e por ser esta uma Campanha da Igreja Católica no Brasil, o assessor apresentou elementos deste relacionamento nos séculos XVIII e XIX, dificuldades, avanços e os desafios atuais da sociedade brasileira.
Entre eles, focou sua exposição na demografia, na família, no consumismo que "coisifica" o ser humano e nas convergências e divergências do "diálogo" em exercício pela Igreja e sociedade, também fez destaque ao laicato, à cultura do descartável e ao sofrimento da juventudeno, contexto da violência que opera neste período de "mudanças de época".

Entre os avanços, e sempre referenciando a Doutrina Social da Igreja (DSI), Toninho lembrou da importante participação e intervenção da Igreja nos projetos de inciativa popular como a Lei 9.840 sobre a Corrupção Eleitoral e a Lei 135/2010 da Ficha Limpa. Também lembrou os esforços da sociedade sobre as políticas públicas e seus avanços nos últimos dez anos. Fez referência ao programa Bolsa Família, que após 10 anos diminuiu significativamente a pobreza extrema da população brasileira que evoluiu de 9,7% para 4,3% no mesmo período, bem como ao índice de mortalidade infantil que passou de 53,7 para 17,7 (para cada mil nascidos vivos).
Para a discussão do segundo momento do Texto-base, em que é sugerido à continuidade da análise, mas com os referenciais bíblicos, foi aberta a palavra aos representantes diocesanos para refletirem como o Povo de Deus se organizou internamente e como se relacionavam com os povos vizinhos. Neste debate, Jesus se revela na lógica do serviço, onde a Igreja existe para seguir o Mestre no anúncio do Evangelho aos areópagos, na opção pelo ser humano e preferencialmente pelos pobres, numa constante conversão.

A opção de Jesus Cristo pelos pobres ajudou o grupo a aprofundar a análise sobre a Missão Social da Igreja, que não é somente de cunho religioso nem propriamente político, econômico ou social. Mas ela não se isenta destas tarefas, sendo de fundamental importância que nesta missão de ser Igreja ela comunique a todas as pessoas sua experiência de fé a partir de Jesus Cristo.

A experiência da Igreja se fundamenta na Santíssima Trindade que é modelo para seu diálogo com a sociedade. Foram partilhadas muitas experiências em torno da missão da Igreja, entre elas, a de que ela deve se colocar à disposição do gênero humano e das forças salvadoras que recebeu e recebe de Jesus Cristo.

Por ser a Igreja "perita em humanidade", foi acentuada a necessidade de retomar a Doutrina Social da Igreja, como base no aprofundamento do diálogo entre as famílias, as juventudes e demais grupos da sociedade.
No terceiro momento de "diálogo" com o Texto-base, surgiu a necessidade de ações e atitudes a serem tomadas para preservar e garantir a Caridade e considerando o lema "Eu vim para Servir" esta exigência é ainda maior, ou seja, nesta relação Igreja e sociedade as atitudes de atuação e intervenção da Igreja devem ser claras para além da cooperação e do diálogo. Sem essa clareza que o Evangelho propõe, o Agir da CF 2015 pode estar prejudicado.

Os critérios de ação devem estar fundamentados na dignidade humana, no bem comum e na justiça social e isso só será possível com a construção de um Estado democrático e de direito, este deve superar as contradições e dicotomias que persistem no relacionamento Igreja e Sociedade.

O encontro também contou com profundos momentos de celebração da fé, e a Eucaristia propiciou o encontro coletivo e pessoal de cada participante com Deus. Esse encontro coloca o ser humano em sintonia com a ação salvífica de Deus na história da humanidade.

Durante o encontro tivemos as visitas de Dom Gilson e de Dom Murilo, Bispo Auxiliar e Arcebispo de São Salvador respectivamente, ambos além da saudação trouxeram uma reflexão, Dom Gilson sobre o Princípio da Subsidiariedade proposto na D.S.I e Dom Murilo sobre a Campanha de Evangelização.

Por fim,se apresentou propostas a serem conhecidas, vivenciadas e assumidas durante a CF 2015 pelo Regional Nordeste III, e após debate em uma plenária processante a assembleia elegeu oito pistas para o Agir no Regional.
1. Promover a formação e participação dos Leigos e Leigas nos Conselhos paritários de Direito;
2. Promover formação, e ir ao encontro das Escolas de "Fé e Política" existentes nas dioceses/regional;
3. Implantação e/ou Revitalização das ações da Cáritas, bem como das Pastorais Sociais nas dioceses;
4. Promover um levantamento de dados que revelem a realidade das ações desenvolvidas com as minorias em nossas dioceses numa ação articulada com as Políticas Públicas de Assistência Social;
5. Potencializar as ações de evangelização das Famílias a partir das aproximações e diálogos entre grupos, serviços e pastorais, fortalecendo o Setor Família, em sintonia com o que já está sendo proposto pelo Sínodo da Família;
6. Apoiar a Formação de Leigos/as, fomentando a atuação destes na Igreja e na Sociedade a partir do Estudo do Documento 107;
7. Atuar como Agentes multiplicadores, e fomentar a realização de encontros para debater e trocar estratégias de mobilização da CF 2015, incentivando a Criação de Equipes de Animação das Campanhas nas Dioceses;
8. Motivar a adesão da Coleta de assinaturas do Projeto de Coalizão Democrática e Eleições Limpas, que se articula com a Reforma Política.

Estas são propostas de ação para CF 2105, mas não estão fechadas podendo ainda acolher novas sugestões, de acordo com a realidade das comunidades que vivem a Fé à luz do Espirito Santo e este, suscita esperança e criatividade.

Que o Espírito Santo e Nossa Senhora Aparecida nos ajudem nesta missão, e como cristãos "novos" possamos acolher, compreender e vivenciar da melhor forma possível esta Campanha, e como Missionários e Missionárias do Reino contribuir para um Brasil justo e solidário, pátria de todos e todas.

Antônio S. Evangelista - Assessor da CF 2015
Diácono Luciano Santana - Coordenador da CF no Regional NE 3
Pe. Mário de Carli - Missionário da Consolata em Feira de Santana - BA

Fonte: Revista Missões

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