Nei Alberto Pies *
Ainda não me manifestei sobre o resultado das eleições de 2014. Neste sentido, quero dizer que me sinto muito à vontade para afirmar que estou feliz pela eleição da Presidenta Dilma e que passei meses de angústia e agonia, vendo o sonho de uma geração correndo riscos de retroceder.
Tenho 41 anos e vivi momentos nada favoráveis à classe trabalhadora. Vivi tempos de inflação alta e muito desemprego. Não tive as oportunidades que a juventude de hoje tem para estudar e se qualificar.
Participei da criação de um importante movimento para combater a fome e a miséria no Brasil, protagonizado por Betinho, Herbert de Souza: Comitê da Fome e da Cidadania. Hoje, vejo que o Brasil saiu do mapa da fome no mundo.
Semelhante à inflação e à fome no Brasil, a corrupção endêmica e sistemática precisa ser enfrentada no Brasil. A exemplo da inflação e da fome, a corrupção já está sendo enfrentada e divulgada, por isso a sensação de que só há corrupção. Felizmente, o Brasil caminha a passos largos para enfrentá-la. Só assim, deixará de ser uma "chaga nacional".
Aprendi, mais recentemente, que a principal reforma que deverá ser feita no Brasil é a reforma política. A reforma política é a mãe das outras reformas que este país precisa enfrentar.
Compreendi, ainda, que a população brasileira ainda não conseguiu traduzir pelo voto suas demandas de mudanças ao eleger um Congresso Nacional reacionário e nada renovado. O Brasil precisa afirmar o Estado laico e democrático, para não ceder ao avanço dos radicalismos e fundamentalismos. A nossa democracia ainda está se consolidando e o Brasil não está rachado ou dividido. O Brasil, mais do que nunca, por vontade da maioria, afirma-se como uma nação que quer e precisa vencer as desigualdades sociais construindo maiores oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras.
Que a valentia das ideias que moveram esta eleição possam continuar movendo corações e mentes abertas, sinceras e comprometidas com as mudanças que todos nós esperamos do Brasil. Sinto um imenso orgulho de ser brasileiro!
* Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos.
Fonte: Revista Missões