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O "segredo industrial" tem dificultado as pesquisas acerca dos impactos das nanotecnologias na saúde do trabalhador, informa Arline Arcuri à IHU On-Line. Pesquisadora da Fundacentro, instituição ligada ao Ministério do Trabalho, Arline menciona que é difícil saber quantas e quais empresas estão desenvolvendo produtos com nanopartículas no Brasil, porque há sigilo em torno das informações e ainda falta regulamentação na área.
Na entrevista a seguir, concedida pessoalmente por conta de sua participação no XIV Simpósio Internacional IHU: Revoluções tecnocientíficas, culturas, indivíduos e sociedades, ela comenta que "como há um investimento alto das indústrias, as empresas não querem divulgar a forma como estão produzindo produtos com nanotecnologia". Ela lembra também o fato de não existir "uma regulamentação no âmbito da Anvisa que exija que se coloque no registro do produto a forma como ele foi produzido: se existe nanopartícula disponibilizada no meio ambiente, ou se terá algum impacto na pele da pessoa, por exemplo. Os produtos até estão registrados na Anvisa, mas com o nome químico e não com a forma que esse químico está dentro do produto. Então é muito difícil saber hoje quais produtos estão no mercado brasileiro", salienta.
Especialista em nanotecnologia, saúde e segurança do trabalho, Arline Arcuri investiga quais são os riscos de toxicidade com nanopartículas no ambiente de trabalho. Segundo ela, "praticamente não existem registros" de pessoas intoxicadas por conta do manuseio de nanopartículas, "porque para ter certeza que uma determinada intoxicação tem uma relação causal com algum produto que a pessoa trabalha, precisa ter uma quantidade significativa de casos registrados. Nesse sentido, as doenças do trabalho são muito parecidas com as doenças em geral, ou seja, para descobrir a causa é muito complicado; é preciso ter um número de casos, um número de produtos para poder fazer a relação. E como a nanopartícula ainda é nova do ponto de vista da produção, ainda não existe um acúmulo de informações que garanta essa relação entre toxicidade e uso de determinados produtos, mas já existem suspeitas".
Entre as implicações já observadas no mundo do trabalho, ela pontua a falta de limite entre a jornada de trabalho e o horário de descanso. "Para a saúde do trabalhador, a nanotecnologia não tem impacto só toxicológico, tem impacto nas relações sociais, no fato de ele estar sendo frequentemente fiscalizado. (...) A implicação é que ele leva o celular para casa, leva o computador para casa e trabalha no final de semana, no feriado; não tem mais jornada de trabalho, e isso tem gerado um estresse muito grande para os trabalhadores", conclui.
Arline Sydnéia Abel Arcuri é bacharel em química e doutora em Físico-Química pela Universidade de São Paulo - USP. Atualmente, é membro do Conselho Científico do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes - DIESAT e pesquisadora titular da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho - Fundacentro.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Há mais de sete anos a Fundacentro vem estudando as implicações da nanotecnologia sobre as condições de saúde, trabalho e vida dos trabalhadores. Quais são os avanços dessas pesquisas ao longo desses anos?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - O objetivo da Fundacentro é estudar os impactos das nanotecnologias na saúde e na segurança dos trabalhadores. Entretanto, não temos pesquisas laboratoriais na Fundacentro por duas razões: porque não se sabe que tipo de equipamentos comprar, já que as pesquisas com nanotecnologia ainda são muito recentes; e porque temos poucas pessoas que poderiam se dedicar exclusivamente a esse tipo de atividade. Então, nossas pesquisas são baseadas na literatura internacional a respeito dos dados da saúde do trabalhador e aos danos relacionados à toxicologia. Notamos que a preocupação internacional em relação aos impactos da saúde do trabalhador tem aumentado, como tem aumentado também o interesse pelos impactos causados ao meio ambiente. Tanto isso é verdade que temos notícias de que várias patentes foram aprovadas, mas os produtos ainda não estão no mercado. Muitas indústrias têm a preocupação de pôr seus produtos no mercado e depois constatar algum problema toxicológico e ter de retirá-los do mercado, o que é mais difícil.
O Brasil está para se agregar a um projeto da União Europeia chamado Nano Rec, que trata da regulamentação em nanotecnologia. Esse programa visa colocar produtos no mercado que não tenham toxicidade e impactos para o meio ambiente. Estamos tentando acompanhar todas essas iniciativas para transformá-las em informação para os trabalhadores, para que eles se capacitem e possam enfrentar essas novas tecnologias, as quais são muitas vezes colocadas no mercado de trabalho sem o conhecimento do trabalhador.
"Qualquer descarte de nanopartículas tem de ser tratado como perigoso porque não sabemos o que vai acontecer quando for jogado no meio ambiente"
IHU On-Line - Os testes de toxicidade de nanopartículas em laboratório são feitos apenas no exterior ou já estão sendo realizados no Brasil?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - No exterior e no Brasil. Inclusive alguns testes estão sendo feitos na Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, com uma rede de nanotoxicologia. Em 2011 o CNPq fez um edital para o desenvolvimento de redes de nanotoxicologia e foram aprovadas seis redes. Então, no Brasil já existem estudos sobre nanotoxicidade de produtos que já estão ou que entrarão no mercado.
Entretanto, proporcionalmente ao que se investe em produtos, nem 5% é voltado aos estudos de impacto e aos estudos toxicológicos. Além disso, a pesquisa com nanopartículas é muito complexa. Cada tipo de nanopartícula tem uma toxicidade e um comportamento diferentes, inclusive ao utilizar um mesmo produto químico.
IHU On-Line - Então os nanoprodutos podem ter diferentes reações?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - Dependendo da forma como for desenvolvido, o produto pode ter comportamentos diferentes no organismo humano: tanto para o bem quanto para o mal. Você pode produzir nanopartículas que são medicamentos, como pode produzir nanopartículas que levam tóxicos do meio ambiente para dentro das células humanas. Então, depende do jeito que a nanopartícula reage, porque existem milhões de nanopartículas e cada uma delas pode ter um comportamento diferente. Aí está a dificuldade de se conhecer melhor esses produtos.
IHU On-Line - Mas é possível comparar a toxicidade de nanopartículas com a toxicidade de outros produtos, ou o grau de toxicidade delas em relação a outros produtos?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - Costumamos falar de nanotecnologia no singular e isso já traz uma ideia equivocada, porque - como já foi dito - existem milhões de nanopartículas, e com alguma delas o ser humano já está acostumado desde que o mundo é mundo. Por exemplo, toda vez que tem um vulcão ou uma ventania, formam-se nanopartículas, e para estas, o ser humano já desenvolveu mecanismos de defesa. O problema são as novas nanotecnologias produzidas pela indústria que ainda são colocadas no mercado sem que seja feito um estudo de toxicidade. Então, não dá para dizer genericamente que umas são mais tóxicas que outras.
Depende muito da nanopartícula. Algumas nanopartículas de nanotubos de carbono, por exemplo, têm toxicidade semelhante ao amianto, que está sendo banido do mundo inteiro. Por outro lado, há nanopartículas de nanotubos de carbono que estão sendo utilizadas em medicamentos para o tratamento de câncer de pulmão. Então, por isso é difícil falar da toxicidade de modo genérico, porque cada nanopartícula é uma.
Outro exemplo são os nanochips colocados nos celulares. Os trabalhadores que lidam com nanochips devem trabalhar em ambientes extremamente limpos, porque quando os nanochips são inseridos nos celulares não pode haver poeira no ar, uma vez que a poeira pode cobrir uma nanopartícula. Mas o problema com os nanochips pode surgir ao jogá-los no meio ambiente, porque, ao se decomporem, podem ficar dispersos no meio ambiente. Geralmente esses produtos estão combinados com outros metais pesados. Então, na hora do descarte, há uma combinação tanto dos metais pesados quanto das nanopartículas, as quais têm uma capacidade maior de penetrar nas células do que se fosse um produto em escala maior.
IHU On-Line - Outro tema relacionado com o trabalho de nanotecnologias é o descarte dos resíduos nanotecnológicos. Como ele é feito hoje?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - Esse é outro problema. Mesmo quem estuda toxicidade se preocupa com a toxicidade de quem vai consumir o produto, e não com a toxicidade depois que o produto for descartado. Cada tipo de vida tem uma reação diferente aos produtos tóxicos. Existem alimentos, por exemplo, que são tóxicos para vários tipos de animais, mas não são tóxicos para os humanos. Nesse sentido, a toxicidade varia de uma espécie para a outra. Mesmo os estudos nanotecnológicos feitos hoje são realizados considerando uma quantidade muito restrita de organismos. Por isso, qualquer descarte de nanopartículas tem de ser tratado como perigoso, porque não sabemos o que vai acontecer quando for jogado no meio ambiente, no lençol freático.
"Mesmo que a nanotecnologia seja colocada como algo muito interessante, ela não pode ser vista como isolada do ciclo de vida, porque lá na frente pode gerar um problema seríssimo"
IHU On-Line - No Brasil há alguma discussão acerca do descarte de nanopartículas?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - Especificamente sobre nanotecnologia, ainda não, mas já existe com relação aos resíduos de eletrônicos, os quais têm, no mínimo, nanochips. Então, esse ramo da nanotecnologia já tem essa obrigatoriedade apropriada. Mas medicamentos e cosméticos, não. Ainda há muito a ser feito em relação ao descarte de nanopartículas.
IHU On-Line - Pode nos falar do uso de nanopartículas em medicamentos? Como isso tem sido desenvolvido no Brasil?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - No Brasil estamos tendo dificuldades de saber o que está sendo feito. Já tivemos um contato com a indústria farmacêutica para fazer esse mapeamento, mas houve bastante dificuldade de conseguir informações por conta do segredo industrial. Como há um investimento alto das indústrias, as empresas não querem divulgar a forma como estão produzindo produtos com nanotecnologia. Também não existe uma regulamentação no âmbito da Anvisa que exija que se coloque no registro do produto a forma como ele foi produzido: se existe nanopartícula disponibilizada no meio ambiente, ou se terá algum impacto na pele da pessoa, por exemplo. Os produtos até estão registrados na Anvisa, mas com o nome químico e não com a forma que esse químico está dentro do produto. Então é muito difícil saber hoje quais produtos estão no mercado brasileiro. Na literatura internacional, contudo, sempre tem algum pesquisador tentando curar doenças com nanotecnologia, entre elas, o vírus ebola.
IHU On-Line - Por quais razões ainda há pouca informação acerca dos impactos das nanotecnologias à saúde e à segurança dos trabalhadores que trabalham com nanopartículas?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - A maior dificuldade que temos visto é em relação a visitas a empresas que trabalham com nanotecnologia no Brasil. Visitamos duas indústrias que, segundo ouvimos falar, trabalhavam com nano; porém, na ocasião da entrevista, nos disseram que ainda não desenvolviam produtos com nanopartículas, mas que estavam pesquisando sobre o tema, e mostraram os sistemas em que vão implantar a nano, mas nós ainda não sabemos se eles estão ou não desenvolvendo produtos em escala nano. O caso é que a informação não é colocada claramente.
No setor metalúrgico, por exemplo, já sabemos que existem sistemas de tratamento de superfície metálica com nanotecnologia, que substituem procedimentos clássicos. Mas o caso é que o trabalhador continuará trabalhando sem proteção, do mesmo modo que se faz hoje, com produtos que não utilizam nano. O fato é que as poucas empresas que já visitamos trabalham do mesmo modo que já trabalhavam antes, ou seja, sem cuidado.
IHU On-Line - Em quais atividades trabalhistas a presença das nanotecnologias é mais evidente?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - No ramo químico visitamos uma indústria que estava pesquisando o que eles chamam de compósitos. O material plástico é uma molécula comprida, que junta com outras e forma a estrutura de um plástico. Só que para dar rigidez e fazer objetos com isso, é preciso aditivos que dão cor, dureza, ou o que seja, ao plástico. Para isso, foi utilizado o caulim. Ocorre que hoje já estão utilizando nanocaulim, mas o trabalhador continua usando a mesma máscara que utilizava para lidar com caulim. O nanocaulim é muito menor, a toxicidade é outra, e o trabalhador não é alertado de que deve ter muito mais cuidado do que tinha anteriormente. Hoje, no Brasil, quem mais se expõe a produtos com nanotecnologias são os pesquisadores científicos dos laboratórios, que não tomam cuidado.
IHU On-Line - Há casos descritos na literatura de pessoas que já foram intoxicadas por conta do manuseio de nanopartículas?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - Praticamente não existem registros, porque para ter certeza que uma determinada intoxicação tem uma relação causal com algum produto que a pessoa trabalha, precisa haver uma quantidade significativa de casos registrados. Nesse sentido, as doenças do trabalho são muito parecidas com as doenças em geral, ou seja, para descobrir a causa é muito complicado; é preciso ter um número de casos, um número de produtos para poder fazer a relação. E como a nanopartícula ainda é nova do ponto de vista da produção, ainda não há um acúmulo de informações que garanta essa relação entre toxicidade e uso de determinados produtos, mas já existem suspeitas.
Existe um grupo estudando internacionalmente o que chamam de nanopatologia. Eles estudam pessoas que têm algumas intoxicações que os médicos não conseguem identificar a causa. Ao estudarem o tecido do doente, percebem a presença de nanopartículas nos tecidos. Ocorre que eles ainda não conseguem dizer o que as nanopartículas têm a ver com a doença.
IHU On-Line - Como os órgãos responsáveis pelo Trabalho têm discutido a questão tendo em vista a saúde dos trabalhadores?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - O órgão que tem estudado isso há mais tempo é a Fundacentro, que é ligada ao Ministério do Trabalho - MT. No âmbito do MT existe uma Comissão Tripartite Permanente Nacional, a qual discute as normas de saúde a serem estudas no ano seguinte. O assunto das nanotecnologias foi colocado na agenda da comissão.
A Anvisa também está discutindo isso, embora o foco da agência seja com a regulação, já que algumas empresas têm produtos desenvolvidos com nanotecnologias, mas não os colocam no mercado porque ainda não têm regulamentação da Anvisa.
Também, no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia, foi criado o Comitê Interministerial de Nanotecnologia e nesse comitê nós temos tido voz para falar da questão da preocupação com os trabalhadores na hora de colocar produtos no mercado.
IHU On-Line - Pode dar exemplos de nanoprodutos disponíveis no mercado? Qual a relevância deles?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - A preocupação da indústria é ter produto novo. Inovação tecnológica são palavras chaves. Mas por que precisamos trocar de celular a cada seis meses? A não ser para vender mais celulares e para a pessoa que comprar poder se orgulhar de ser a primeira ou a segunda a comprar um celular de ponta. A inovação tecnológica mexe muito com a vaidade humana no sentido de querer que as pessoas se sobressaiam no seu grupo porque foram as primeiras a comprar determinado tipo de tecnologia.
As indústrias desenvolvem cada vez mais produtos com tecnologia agregada e muitas vezes não usamos nem um décimo da potencialidade dos equipamentos. Um exemplo que gosto de citar é o da embalagem de plástico com nanotecnologia por dentro, para que não grude o chiclete. Assim, a pessoa pode guardar o chiclete nessa embalagem durante uma aula, e voltar a mascá-lo depois. Por outro lado, existem alguns produtos muito interessantes; não dá para dizer que tudo é ruim.
De todo modo, nosso foco principal é apontar que ainda não existem estudos suficientes para colocar produtos no mercado, mesmo aqueles que tenham um objetivo bom. Por exemplo, hoje existe um sistema muito eficiente com nanotecnologia, de filtragem da água contaminada; você pode beber água potável de um rio contaminado utilizando um canudinho com nanoestrutura. Mas como um colega lembrou, o peixe não usa um canudinho para beber água do rio. Nesse sentido, a nanotecnologia não pode servir de justificativa para continuar poluindo o rio, por exemplo.
Tem um pesquisador brasileiro que desenvolveu um medicamento para tratamento de câncer de pele com nanotecnologia. Você passa a pomada, ilumina a região com uma luz ultravioleta e tem mais de 95% de cura do câncer, mas o excesso da pomada é lavado e vai para o esgoto.
Quais podem ser as consequências disso no futuro? Será que nesse caso a pele não deveria ser lavada em situação de controle? É esse tipo de coisa que nós questionamos. Mesmo que a nanotecnologia seja colocada como algo muito interessante, ela não pode ser vista como isolada do ciclo de vida, porque lá na frente pode gerar um problema seríssimo.
"A preocupação da indústria é ter produto novo. Inovação tecnológica são palavras chaves"
IHU On-Line - É possível estimar quando teremos alguma confirmação dos impactos da nanotecnologia à saúde dos trabalhadores?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - Já há um alerta para não usar essas tecnologias novas sem cuidado, e dissertações de mestrado e teses de doutorado já começam a discutir esse assunto. Inclusive, vários sindicatos começam a se interessar por essa questão, tanto que há representantes da força sindical e da CUT participando da Comissão Interministerial de Nanotecnologia. O sindicato dos químicos em São Paulo conseguiu colocar no acordo coletivo com o setor farmacêutico o direito de o trabalhador saber se a indústria utilizará nanotecnologias em seus produtos. Então, percebemos que há uma discussão a respeito. Entretanto, ainda lidamos com trabalho escravo, com queda em altura na construção civil - o que é um absurdo, porque se sabe perfeitamente como evitar -, ainda lidamos com perdas de braços em máquinas.
As nanotecnologias também permitem que se tenha um celular cada vez mais barato, um computador cada vez mais barato. Quais as implicações disso para os trabalhadores? A implicação é que ele leva o celular para casa, leva o computador para casa e trabalha no final de semana, no feriado; não tem mais jornada de trabalho, e isso tem gerado um estresse muito grande para os trabalhadores. Quer dizer, para a saúde do trabalhador, a nanotecnologia não tem impacto só toxicológico, tem impacto nas relações sociais, no fato de ele estar sendo frequentemente fiscalizado. O que isso significa do ponto de vista psicológico? Que não se tem momento para relaxar, para bater um papo com o colega do lado, para trocar uma ideia.
As relações humanas estão se modificando com essas tecnologias. Você vê namorados conversando um na frente do outro pelo WhatsApp ou pelo Facebook, e não cara a cara, ou mãe chamando o filho para almoçar pelo celular porque o filho está no quarto. Esse é um impacto que tem sido muito pouco discutido e que precisa de mais atenção, porque as relações humanas estão sendo modificadas por essas novas tecnologias.
IHU On-Line - A senhora deseja acrescentar algo?
Arline Sydnéia Abel Arcuri - Nos preocupamos bastante com a capacitação dos trabalhadores. Para isso, estamos ministrando palestras em sindicatos e encontros de trabalhadores, e distribuindo, como material didático, histórias em quadrinhos explicativas. Para que não fizéssemos uma história em quadrinhos "panfletária", dizendo que tudo é ruim, meu colega Alexandre Custodio desenvolveu uma proposta de história em quadrinhos que envolve três personagens: um personagem fã das tecnologias, outro personagem que é o crítico e o terceiro que fica ouvindo a discussão dos dois. Esses três fazem parte de uma empresa de transporte e discutem o que é nanotecnologia. A primeira história em quadrinhos tinha um foco básico em nanotecnologia, a segunda foi desenvolvida para o setor químico, a terceira, para o setor da construção civil, a quarta, para o setor da área rural, e a quinta, para o setor metalúrgico.
Fonte: www.ihu.unisinos.br