Documento 101 da CNBB: "A Igreja e a questão agrária no início do Século XXI"

Assessoria de Imprensa

"Esperamos, de acordo com sua promessa, novos céus e nova terra, nos quais habitará a justiça". A passagem da segunda carta de São Pedro é o trecho que encerra o documento 101 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), "A Igreja e a questão agrária no início do Século XXI".

O texto da CNBB, aprovado durante a 52ª Assembleia Geral da entidade, entre os dias 30 de abril e 9 de maio deste ano, analisa a realidade agrária brasileira nas atuais condições históricas, em que se encontra o predomínio político e ideológico da economia do agronegócio e do uso da terra como mercadoria. O olhar dos bispos, por sua vez, é apresentado com base em princípios éticos, motivado pela opção preferencial pelos pobres e orientado pela defesa da destinação universal dos bens da natureza, de acordo com a Doutrina Social da Igreja.

O bispo de Ipameri (GO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB, dom Guilherme Werlang, lembra do primeiro documento sobre a questão agrária publicado pela Igreja no Brasil em 1980, chamado "A Igreja e os problemas da terra". Na época, o texto tratou da questão da posse de terra no Brasil e era um estudo sobre o lado social da propriedade fundiária. O bispo destaca a necessidade de atualização do posicionamento diante da nova realidade. "É uma nova postura, um novo olhar sobre os novos desafios", afirma.

Documento

O texto é dividido em três partes, de acordo com a metodologia "ver, julgar e agir". "Primeiro olhamos a realidade. Existem avanços? Existem. Mas existem muitos problemas. Olhar os problemas não deve nos desanimar. Em seguida, nós damos nossa palavra de pastores, iluminados pela palavra de Deus e pelo Magistério da Igreja. Terceiro, nosso compromisso de ir. Agora, nós temos que sempre olhar com esperança. É possível construir um Brasil novo", explica dom Guilherme.

A primeira parte traz a contextualização da situação agrária atual e suas implicações para a vida social, explicando as dificuldades enfrentadas por indígenas, quilombolas, sem-terra e assentados, ribeirinhos e pescadores, produtores familiares, trabalhadores em situação análoga à escravidão, entre outros. Neste capítulo, são mostrados os "sinais de esperança", a partir de iniciativas relevantes para amenizar os efeitos do agronegócio.

A segunda parte do documento abrange o olhar dos bispos diante da realidade apresentada no primeiro capítulo, os documentos da Igreja e pronunciamentos dos papas que podem direcionar o agir pastoral.

A última parte é chamada de "Nossos compromissos pastorais". Os bispos do Brasil consideram que "este anúncio e esta exortação devem ser vivenciados numa prática coerente e fiel que obriga a uma conversão permanente", afirma o texto. No capítulo, são elencados os posicionamentos do episcopado brasileiro a respeito do latifúndio, do trabalho escravo, da defesa da natureza e da produção de energia. Além disso, são dadas orientações aos povos das águas, das florestas e da terra; empreendedores; e agentes dos poderes públicos.

No final do documento, estão disponíveis anexos com uma contextualização conceitual e histórica sobre a questão agrária, além de um conjunto de dados sobre operações de fiscalização, famílias assentadas em projetos de reforma agrária e renda domiciliar.

Fonte: www.cnbb.org.br

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