Jaime C. Patias
Após abordar a dimensão humana e antropológica da missão, o curso para missionários e missionárias brasileiros destinados à missão ad gentes além-fronteiras, em sua segunda semana, se concentrou na dimensão histórica. Para isso, o grupo contou com os conhecimentos do professos Sérgio Coutinho, assessor da Comissão Episcopal para o Laicato, setor CEBs da CNBB que apresentou as principais fases da história da Igreja e suas opções em termos de missão.
O curso que teve início no último dia 3, é promovido pelo Centro Cultural Missionário (CCM) de Brasília (DF), e reúne 30 missionários e missionárias entre leigos, presbíteros e religiosas destinados a países como Moçambique, Angola, Guiné Bissau, Síria, Israel, Haiti, Timor Leste e Somália. Participam também missionários e missionárias que querem se aprimorar nas temáticas relacionadas à missão ad gentes para uma eventual "saída".
Professor Sérgio Coutinho explica o conteúdo desenvolvido. "Utilizamos dois autores norte americanos, Stephen B. Bevans e Roger Schroeder, em seus livros ‘a submissão nos dias de hoje' e ‘Constantes em contexto'. Trabalhamos seis constantes: a cristologia, eclesiologia, escatologia, soteriologia, antropologia e etimologia", diz o historiador.
Segundo ele, seis perguntas são constantes ao longo da história. "As perguntas são permanentes, mas cada contexto histórico dá uma resposta diferente: quem é Jesus, qual é a sua importância na história? Qual é a missão da Igreja? Quando é que o Reino de Deus se fará presente, se ele já se faz ou não? Quando é que vai acontecer esta salvação? Vale a pena acreditar no ser humano? Vale a pena acreditar na cultura, se é um empecilho, se favorece a evangelização?"
O historiador destaca ainda que, ao longo dos séculos, as respostas vão ser dadas de formas diferentes. "Logo no início do cristianismo se desenvolveram três tipos de teologias que deram respostas diferentes para estas seis questões. Temos uma corrente de origem Latina - Romana; outra de origem Helênica - Grega e uma terceira de origem Siríaca. São três teologias, uma com ênfase no direito, outra na verdade e outra na história. Cada uma delas vai responder essas seis questões".
Durante dois dias, o professor levou os cursistas à uma viagem partindo do cristianismo primitivo, passando pela missão feita pelos monges, pelas ordem mendicantes, chegando à expansão marítima do Século XVI e a missão na América, o trabalho dos Jesuítas, a defesa dos indígenas feito por Bartolomeu de las Casas e os sinais de evangelização na Igreja da América.
Na sequência, o estudo percorreu a era moderna, segundo o professor, conhecida como "a era do progresso e das relações da Igreja com o mundo, suas tensões com o mundo moderno. Por fim passamos pelo Vaticano II chegando até os documentos Ad Gentes do Concílio, Redemptoris Missio do papa João Paulo II e no recente Evangelii Gaudium do papa Francisco".
Para ter uma visão bem ampla da trajetória missionária da Igreja até os dias de hoje, como metodologia foram utilizadas imagens, fotos, vídeo, documentários
Além das dimensões humano-afetiva, antropológica e histórica, até o seu término, dia 28 de agosto, o estudo abordará ainda as dimensões geográfica, bíblica, teológica e espiritual da missão. Nesta edição, os participantes trabalham ainda uma dimensão prática da missão, através do estudo de um idioma estrangeiro (inglês ou francês). O encerramento terá uma missa celebrada em inglês.
Fonte: www.pom.org.br