Cientistas pedem apoio da Igreja no combate aos organismos transgênicos

Adital

Por solicitação da Via Campesina, os engenheiros agrônomos Paulo kageyama e Rubens Nodari entregaram ao secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Leonardo Ulrich Steiner, e à sociedade brasileira uma carta condenando o uso de transgênicos e explicando seus impactos. O mesmo documento foi entregue ao Papa Francisco em abril com o intuito de pedir que o Sumo Pontífice se posicione, criticamente, sobre este tipo de cultivo e apoie a agricultura campesina.

A carta foi entregue durante uma entrevista coletiva, que teve também a participação de João Pedro Stédile, integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), representando os movimentos sociais e em especial a Via Campesina.

Além de kageyama e Nodari, a carta também é assinada pela engenheira agrônoma austríaca Ana Maria Primavesi; o argentino Andrés Carrasco, especialista em biologia celular; Elena Álvarez-Buylla Roces, doutora em genética molecular da Universidade do México; Pat Mooney, investigador canadense; Paulo Yoshio Kageyama, engenheiro agrônomo com especialização em genética e biodiversidade, da Universidade de São Paulo (USP); a física e filósofa indiana Vandana Shiva; e o médico especialista em Medicina do Trabalho Wanderlei Pignati, da Universidade Federal de Mato Grosso.

Em poucas palavras, o documento explica o impacto dos transgênicos sobre as populações rurais e urbanas, a soberania alimentar dos povos, a natureza e a economia, mostrando que os países do Sul vêm sendo os principais afetados. Os cientistas apontam que estudos feitos ao redor do mundo comprovam que as sementes transgênicas produzem menos por hectare e necessitam de uma quantidade maior de agrotóxicos, causando também um aumento significativo do desemprego rural e, consequentemente, o esvaziamento do campo.

"O tema dos transgênicos não é somente um debate científico e técnico, tem também fortes ramificações econômicas e políticas. No entanto, muitos cientistas que defendem os cultivos transgênicos ocultam a maioria de seus problemas e incertezas científicas, assim como o fato de que, com os transgênicos, as grandes corporações de agronegócios avançam para o controle absoluto do sistema agroalimentar", esclarece a carta, acrescentando que esse controle afeta, gravemente, a soberania alimentar, a saúde e o meio ambiente, além de impedir o desenvolvimento dos diversos sistemas agrícolas.

Os cientistas destacam que é particularmente grave o caráter irreversível e a complexidade dos impactos dos transgênicos. Sendo assim, é urgente apoiar e investir nas formas de agricultura sem transgênicos, baseadas nos conhecimento dos campesinos, campesinas e agricultores e na diversidade e ciências responsáveis social e ambientalmente. Defendem que esse é caminho seguro para o combate à fome e às mudanças climáticas mundiais.

Dia após dia, cientistas e pesquisadores se empenham em divulgar o que realmente são os alimentos transgênicos, a motivação para sua criação e quais as implicações no meio ambiente, na economia e na vida dos seres humanos e dos animais, juntando-se assim a organizações campesinas que lutam pela proibição dos desse tipo de alimento geneticamente modificado.

Uma carta assinada por 815 cientistas de 82 países já roda o mundo há 14 anos. De forma detalhada, o documento denuncia que os transgênicos foram reprovados nos testes antes de serem lançados no mercado, aponta as mutações genéticas que podem causar e enumeram centenas de outros prejuízos. O documento pede especificamente a suspensão imediata de todas as licenças para venda e cultivo de transgênicos.

Fonte: www.adital,com.br

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