Manifestantes protestam contra posição do Brasil de condenar ofensiva de Israel

Carolina Pimentel

Mais de 100 pessoas participaram de uma manifestação hoje (30) em frente ao Ministério das Relações Exteriores contra a posição do governo brasileiro de condenar Israel "por uso da força desproporcional" na Faixa de Gaza.

Líderes dos manifestantes foram recebidos pelo subsecretário para Assuntos de África e Oriente Médio, o embaixador Paulo Cordeiro, e conversaram por cerca de uma hora. O embaixador recebeu um manifesto de entidades cristãs e da comunidade judaica no Brasil. Segundo a assessoria de imprensa do ministério, os documentos serão analisados pelo Itamaraty.

Para os manifestantes, o governo brasileiro errou ao condenar Israel sem fazer qualquer menção ao movimento islâmico Hamas. Os manifestantes, de igrejas evangélicas e da comunidade judaica, também criticaram a decisão do governo brasileiro de chamar o embaixador do Brasil em Tel Aviv para consultas.

Segundo Kélita Rejanne Machado Cunha, que participou da manifestação, o subsecretário disse que o Brasil não tem a intenção de romper relações diplomáticas com Israel, mas não há previsão de retorno do embaixador brasileiro para Israel. De acordo com a manifestante, Cordeiro também enfatizou que o país não é a favor dos atos praticados pelo Hamas.

A manifestante acrescentou que a comunidade judaica e cristãos vão continuar a defender uma mudança na postura do governo brasileiro. "A gente vai continuar a dizer que o Brasil precisa ter uma posição coerente, de equilíbrio, uma postura de mediador. Essa forma do Brasil conduzir a situação não vai levar a nenhum tipo de solução", acrescentou.

 

Na última quinta-feira (24), o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, defendeu a posição do governo brasileiro que, em nota divulgada no dia 23, condenou "energicamente o uso desproporcional da força" por Israel em conflito na Faixa de Gaza, levando à morte centenas de civis. O ministro também disse que o Itamaraty já havia divulgado nota condenando o movimento islâmico Hamas pelos foguetes lançados contra Israel, e também Israel pelo ataque à Faixa de Gaza.

O chanceler também defendeu a posição brasileira assumida no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. O Brasil votou favoravelmente à condenação da atual ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e à criação de uma comissão internacional para investigar todas as violações e julgar os responsáveis.

Vencedores do chamado Nobel Alternativo assinaram uma declaração em que denunciam a "matança" de crianças e civis em Gaza e exigem o fim do conflito. "Como vencedores do Right Livelihood Award, popularmente conhecido como Prêmio Nobel Alternativo, nós condenamos energicamente a matança de centenas de crianças e civis inocentes, executada em Gaza pelo exército israelita, além do indiscriminado lançamento de mísseis por parte do Hamas sobre civis de Israel", diz o comunicado.

No abaixo-assinado, subscrito por 56 vencedores, é citado o abastecimento precário de água e eletricidade em Gaza, situação que ficou pior ao longo dos 23 dias de confronto, e o fato de "aproximadamente 24% de todos os que perderam as suas vidas em Gaza serem crianças". Entre os assinantes estão o brasileiro Leonardo Boff, professor universitário conhecido pela defesa de causas sociais; o canadense Tony Clarke, fundador do Instituto Polaris, que apoia movimentos civis pela mudança social democrática; e o holandês Theo van Boven, professor emérito de Direito Internacional e ex-diretor da Divisão para os Direitos Humanos das Nações Unidas, em 1977.

O prêmio foi fundado em 1980 e é apresentado todos os anos no Parlamento da Suécia. O prêmio nasceu da necessidade de "honrar e apoiar aqueles que oferecem respostas práticas e exemplares aos desafios mais urgentes que enfrentamos hoje". O Right Livelihood já foi entregue a 153 pessoas de 64 nacionalidades diferentes.

Fonte: www.agenciabrasil.ebc.com.br

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