Dom Alexios, um bispo no meio da desgraça em Gaza

François d'Alançon

Entrou em vigor um cessar fogo de 12 horas no conflito entre Israel e Gaza, hoje dia 26 de julho, às 8 horas da manhã.

"Já estamos no 19 dia do conflito, diz dom Alexios, arcebispo grego ortodoxo que atualmente dá abrigo a 1.700 palestinos na sua igreja, situada no centro da cidade. "Procuro cumprir com meu dever ajudando aqueles que passam por graves necessidades. Toda a esta gente não sabe mais para onde ir. Vieram aqui em busca de um abrigo e proteção, tanto na igreja como na mesquita".

Um refúgio no centro da antiga cidade

Debaixo da residência do arcebispo no corredor de acesso à catedral de São Porfírio, estão alojadas 250 famílias sem saber até quando. As explosões tiraram-nos de suas habitações e perderam seus pertences.
Mesmo aí, entre os fortes muros de pedra, construídos pelas cruzadas de 12 século , ninguém se sente inteiramente protegido . Em cada noite escutam estrondos de explosões ensurdecedoras lançadas pelos aviões israelitas. E durante o dia os arrombamentos de prédios não param. No dia 21 de julho as explosões se multiplicaram na hora da suspensão do jejum do ramadã, quando estavam se alimentando.

A solidariedade cresce

"Cristãos e muçulmanos estamos vivendo como se pertencêssemos à mesma família, a Nação palestina", afirma dom Alexios, emocionado com a chegada de novas ajudas. "Eu não faço nenhuma diferença de pessoas, acolho todos do mesmo jeito como irmãos. Nesta semana uma senhora entrou em parto e deu à luz um filho aqui, uma vida nova. Não podemos perder a esperança . Existe a morte, mas nós queremos defender a via".

"Em união com o imã da mesquita que está aqui ao lado, as ajudas trazidas pela Carítas, pela Cruz Vermelha, são rapidamente organizadas e repartidas. Um padeiro vizinho nos prepara o pão, e outras pessoas trazem água de suas próprias casas e cobertores.

"Em seis anos vivemos no clima de seis guerras".

Na faixa de gaza vivem cerca de 1.500 cristãos, a maioria ortodoxos. O diretor da escola católica da Sagrada Família, que fica perto da igreja, entregou as chaves do prédio a uma comissão de moradores para albergar 900 pessoas deslocadas. Os deslocados atualmente são mais de 15 mil. Uma grande parte deles foi acolhida em escolas da UNRWA, organização das Nações Unidas para os refugiados palestinos.

"Nós precisamos de uma reposta séria para o problema, não apenas com um breve cessar fogo de doze horas", afirma o senhor Salim al Jazi, proprietário de uma depósito de calçados em Chajaya, lugar totalmente abandonado pelos moradores, que teve que abandonar com sua mulher e seus sete filhos. Nestes últimos seis anos fomos objeto de três guerras. A minha casa tive que abandonar para salvar nossas vidas".

Israelitas e palestinos têm direitos legítimos

"Viver hoje aqui é como morar perto de um vulcão. A cada instante tudo pode desmoronar", diz dom Alexios com um sorriso que parece ser a única forma de superar o cansaço. Ele diz também que mantém um bom relacionamento com as diferentes facções, do Hamas, do Djihad islâmico e do Fatah. "Se cada um quer viver com seus direitos respeitando os do outro a solução é possível; mas se cada quer defender apenas seus interesses ... a solução existe", afirma um cidadão nascido na Grécia e que chegou a Gaza em 2001. Israelitas e palestinos têm seus direitos legítimos de viver nestas terras. Eu estou convencido que é possível viver juntos e em paz".

 

Fonte: Jornal La Croix

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