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"A expulsão dos cristãos de Mossul é um crime intolerável. As atrocidades cometidas não têm nada a ver com o islã, nem com os seus princípios de tolerância e de convivência". A Organização da Cooperação Islâmica (OCI) denunciou nestes termos a violência dos insurgentes sunitas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) que tomaram o controle da cidade de Mossul, no norte do Iraque, no mês passado.
O secretário geral da OCI, o saudita Iyad Madani, manifestou a disponibilidade da organização de "proporcionar a ajuda humanitária necessária às pessoas deslocadas, à espera de poderem voltar para casa".
Os extremistas do EIIL anunciaram a criação de um califado que abrange partes do norte do Iraque e do leste da Síria e, há duas semanas, afirmaram que os cristãos de Mossul "devem se converter ao islã ou pagar um imposto especial"; caso contrário, "devem abandonar" a principal cidade da província de Nínive ou poderão sofrer "a pena capital".
Antes da invasão do EIIL, a comunidade cristã de Mossul era formada por cerca de 3.000 pessoas. Durante o último mês, pelo menos um terço delas abandonou a cidade. Segundo as últimas informações da ONU, a ofensiva dos combatentes sunitas iniciada em janeiro já matou no mínimo 5.576 civis no Iraque, sendo 2.400 mortos só em junho. O número de feridos chega a 11.662 pessoas.
O patriarca caldeu Louis Raphael I Sako e todos os bispos caldeus, siro-católicos, siro-ortodoxos e armênios do norte do Iraque fizeram publicamente um apelo, após encontro realizado em Ankawa, nos arredores da capital curda Erbil. Eles pedem que o governo nacional iraquiano garanta a "tutela necessária" dos cristãos e das outras minorias do país, deem "apoio financeiro às pessoas expulsas de suas casas e que perderam tudo", paguem "imediatamente" os salários dos funcionários, indenizem os que sofreram perdas materiais e assegurem alojamento e continuidade na prestação de serviços sociais e escolares para as famílias que terão que passar muito tempo longe de casa.
O apelo, publicado hoje pela agência Fides, se dirige em primeiro lugar ao primeiro-ministro e ao governo do Iraque. Os bispos iraquianos convidam "as pessoas de consciência no Iraque e em todo o mundo" a pressionarem os militantes a fim de acabar com "a destruição das igrejas e dos mosteiros, dos manuscritos, das relíquias e de toda a herança cristã, patrimônio iraquiano e internacional inestimável".
O episcopado também esclarece que "o que foi dito sobre um acordo entre militantes e o clero é falso" e afirmam que "um crime é um crime e não pode ser negado nem justificado. Esperamos ações concretas para tranquilizar o nosso povo e não só comunicados de imprensa em tom de denúncia e de condenação".
Os bispos do norte do Iraque expressam também o seu reconhecimento à região autônoma do Curdistão iraquiano pela disponibilidade em acolher as famílias deslocadas. O episcopado propõe, ainda, a criação de um comitê conjunto "entre o governo regional e os representantes do nosso povo para ir ao encontro dos sofrimentos dos refugiados e melhorar as suas condições".
Fonte: www.zenit.org