Maria Regina Canhos *
Estamos vivendo momentos difíceis, em que as pessoas buscam a satisfação de forma desenfreada, importando-se apenas com si mesmas. Isso é efeito de maciças campanhas publicitárias, desenvolvidas com o intuito de favorecer o individualismo, o hedonismo e o egocentrismo, supervalorizando o "eu" em detrimento do coletivo; resultando pessoas solitárias, insatisfeitas e consumistas, sujeitas a adquirir produtos na tentativa de aplacar sua angústia existencial.
Nunca se consumiu tanto quanto hoje em dia; nunca se correu tanto atrás da felicidade; e, no entanto, não me lembro de ter havido momento em que estivéssemos tão entristecidos e sozinhos; amedrontados, reféns de relacionamentos insatisfatórios e superficiais, presos a modismos e vivenciando tanta depravação moral, em que a promiscuidade parece ser a melhor opção para não haver envolvimento afetivo e compromisso entre as partes, desobrigando-as da saudável vinculação.
Fomos sendo induzidos a pensar somente em nós mesmos; preocuparmo-nos apenas com o nosso contentamento, pouco nos importando com os demais. Ocorre que a satisfação própria depende, em muitos casos, da satisfação alheia. Ser feliz sozinho costuma não ter muita graça. Na verdade, esse tipo de júbilo dura muito pouco.
A maioria das pessoas vive em busca do prazer. Para atingir esse objetivo bebem, fumam, fazem uso de substâncias entorpecentes, praticam esportes radicais, consomem estimulantes, abusam de tranquilizantes e se entregam à imoralidade. Esquecem que o prazer é momentâneo, e mais: causa dependência.
O prazer é finito. Começa e termina muito rapidamente. Então, faz-se necessário buscar mais para se ter o mesmo efeito. É por isso que existem os alcoolistas, fumantes, drogados, excêntricos, agitados, ansiosos e promíscuos. Às vezes, a pessoa deseja parar, mas não consegue. Tem dificuldade porque tal prazer vicia. A cada dia busca mais e mais. Passado um tempo, a pessoa adoece.
Em contrapartida, a alegria é prazerosa e não causa dependência. Podemos ser alegres o tempo todo sem nos cansar, sem exigir demais do nosso físico com constantes descargas de adrenalina. A satisfação causada pela alegria é envolvente, forte e duradoura. Penetra no mais íntimo do nosso ser, assegurando-nos êxtase profundo. Não compromete nossa saúde nem nossa sanidade mental. Não mata. Não causa depressão ou síndrome do pânico. A alegria cura!
Mas, como podemos ser alegres? Onde encontramos a alegria? Consultando a Bíblia, vamos encontrar no capítulo 5 da carta de São Paulo aos Gálatas, em seu versículo 22, que a alegria é um fruto do Espírito Santo. Ora, se é fruto e procede do Espírito, compreendemos que para colhê-la e desfrutarmos dela necessitamos estar em interação com esse mesmo Espírito, possibilitando sua ação em nós.
Tudo o que é dom nos é dado por Deus gratuitamente, no entanto, precisamos pedir com fé e confiança. Penso que apresentar condições favoráveis para o milagre também ajuda muito, afinal, o Espírito Santo não costuma se manifestar em corações sombrios. Precisamos limpar a casa se quisermos receber esse ilustre visitante.
Como temos vivido ultimamente? Buscamos a alegria ou o prazer? Experimentamos a liberdade ou a dependência; a cura ou o vício? Vivemos em paz ou permanecemos em constante agitação? É provável que a mera observação de nós mesmos e de nossos comportamentos nos dê essas respostas. A alegria é dom de Deus; é fruto do Espírito Santo. Para usufruí-la necessitamos estar próximos do Pai e de seus preceitos, a fim de podermos experimentar a sua graça. Sejamos céleres e confiantes. O mundo necessita da nossa alegria e nós também!
* Maria Regina Canhos (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora.
Fonte: Revista Missões