Isaack G Mdindile *
Um dos pensamentos do Bem-aventurado José Allamano dos quais pessoalmente gosto é este: "é assim que vos quero: generosos, firmes e constantes na realização da vossa vocação". Ser generoso é uma das recomendações que encontramos em todos os modelos de espiritualidade, religiões, culturas e filosofias. Para todos os cristãos, de modo especial os missionários/as, a virtude de generosidade que brota do coração é um paradigma muito importante. Por que se diz que, "o que qualifica um missionário não é a ordenação, mas o coração, porque a ordenação é somente a confirmação daquilo que já existe!"
O que conta mais na vida cristã não é simplesmente o que dizemos acreditar mas muito mais "como" acreditamos. Perante as situações estruturadas de degradação e desrespeito pela vida humana como o tráfico humano, a fome, a pobreza, a corrupção e a violação sexual, é onde nossa fé tem que mostrar o que acredita. Portanto, a fé revelada na prática da caridade, veracidade e amor fraterno para com os irmãos é sinal vivo da presença de Deus no mundo; e a verdadeira paz só pode vir da sabedoria dada por Deus e que se manifesta nas virtudes que geram o amor ao próximo.
Perante as situações que o mundo de hoje nos apresenta, qual seria a missão do profeta, do missionário, do leigo e de todos os cristãos? Realmente, é a tarefa de anunciar com firmeza, perseverança e alegria o reino de Deus (A alegria do Evangelho). Porém, mais do que por palavras o profeta atua pelo seu estilo de vida, um modo venerável de vida que o mundo está precisando. Ser testemunha de Cristo na vida cotidiana.
O que nos une como cristãos é a busca do bem comum, iluminados pela pessoa de Jesus Cristo. No anúncio do Reino não basta transmitir conteúdos funtamentais da fé ou na catequese ensinar a doutrina. O que aprendemos deve nos ajudar a viver, pensar, agir e amar como Jesus. Allamano insistia que os missionários da Consolata, antes de tudo, precisavam de uma formação e crescimento adequado no relacionamento pessoal, porque sua missão devia ser caracterizada pela consolação. "Consolar o povo que sofre". Comunicar o amor de Deus como um fogo que destroi as injustiças. Também foi por amor que Ele nos fez filhos irrepetíveis e preparou o caminho para nossa salvação. Seu amor venceu a morte, vence e supera tudo. Também neste tempo é necessária uma ética global, baseada no amor que se revela no serviço aos outros (alteridade) afirma Josefa Cordovilla Perez no seu livro ‘Cosmovisão Cristã para uma ética global'. O homem foi criado por amor e para amar.
O mundo de hoje necessita mais do que pobreza, castidade e obediência, de justiça generosa, amor audacioso e acolhida ilimitada. Infelizmente ainda vivemos no medo de denunciar injustiças, fenômenos terríveis como tráfico humano, arrogância dos governantes e corrupção, que permeiam a sociedade de hoje mais do que nunca. Onde está a liberdade com que Cristo nos libertou? Uma vida sem amor fica vazia e sem sentido - Leo Buscaglia.
* Isaack G Mdindile é seminarista tanzaniano, estudando na PUC-SP.
Fonte: Revista Missões