Pe. Rafael Maria *
A piedade popular mariana é um património espiritual da Igreja de altíssimo valor. Esta deve estar bem fundamentada para que se alcance sua eficácia na vida dos fiéis. Muitas vezes a piedade mariana é cercada de sombras e equívocos por não seri bem iluminada ou seguida de perto pela Igreja. Estando as coisas deste modo, o povo de Deus caminha, sozinho e as cegas, onde se perde o sentido exato de um verdadeiro culto mariano. Tentamos no nosso «Curso de Cultura Mariológica I» fazer este estudo científico sobre «A origem do Rosário mariano não provém dos Dominicanos», cf. www.cursoscatolicos.com.br
Ontem, hoje e amanhã surgem formas de devoção mariana que de situações apócrifas se tornam pouco a pouco um património de fé. Foi o caso do Escapulário carmelitano pela força de sua espiritualidade mariana.
Sabe-se por novas pesquisas históricas e científicas que por uma tradição se atribuía a origem do Escapulário a uma suposta aparição da Virgem a são Simão Stock e, a este, entregou esta vestimenta como penhor de salvação. Ligado a esta pia tradição, se juntou o chamado «privilégio sabatino», isto é, uma suposta aparição da Virgem ao papa João XXII que garantia que, após a morte daquele que estivesse revestido do Escapulário, Ela, desceria ao Purgatório e o retiraria de lá.
A devoção e crença popular deram força a estas lendárias mariofanias, assim como muitos Papas cobriram de privilégios o uso e a devoção ao Escapulário. Ao que parece os pontífices não se basearam nas supostas aparições, mas na força espiritual inerentes ao Escapulário.
Na comemoração dos 700 anos da instituição desta devoção (1251-2001) a Ordem Carmelitana se viu no dever de esclarecer melhor tal situação histórica-espiritual. Se chegou ao denominador comum que, o que valia não era as supostas aparições da Virgem com suas supostas promessas, mas a força espiritual da devoção que fora enriquecida pelas autoridades da Igreja ao longo dos séculos para o benefício espiritual dos fiéis.
O uso do Escapulário deve estar ligado a um compromisso que o devoto deve ter para com Nossa Senhora que, ao usá-lo, se esforçará a viver as promessas batismais e seus deveres de cristão. Aqui está o cerne da questão. A devoção mariana está ligada muitas vezes a uma série de má interpretações, principalmente ao uso de objetos sacros que estimulam a prática da fé, como por exemplo o Rosário, as Medalhas, as Imagens, os Escapulários etc. Tais objetos muitas vezes são usados como talismã e não como meios que nos indicam algo mais superior. Tomemos o caso bíblico da «Serpente de bronze» (cf. Nm 21,8s) como fonte autorizada para iluminar a questão. Aqui, a cura não está no olhar a Serpente, mas na promessa de Deus. Na obediência à sua Palavra. Assim também no caso dos objetos sacros marianos e outros como em particular o Escapulário se deve usar este critério bíblico.
Embora não exista nenhuma exatidão histórica de uma confirmação celeste dos privilégios ao Escapulário, e não é necessário tê-las, a Igreja, com sua autoridade conferida por Cristo a Pedro, estimula o uso coerente do Escapulário Carmelitano ajudando assim os fiéis a viverem com coerência a vida cristã para assim serem herdeiros da eficácia da mediação da Virgem junto ao trono da Graça.
Usando o Escapulário com o coração voltado às coisas celestes, ao projeto de Maria, que é servir aos irmãos no amor, o devoto não passará pelo Purgatório, mas irá participar das heranças do céu como promete o próprio Jesus tendo sua Mãe como a primeira na prática do serviço ao Reino e do amor fraterno.
Nossa Senhora do Monte Carmelo, rogai por nós!
* Pe. Rafael Maria, osb - d.rafaelmariaosb@hotmail.com
Fonte: www.zenit.org