Rosa Clara Franzoi
É verdade que os jovens peregrinos não vieram para turismo; mas como deixá-los partir para o Rio sem conhecer ao menos um pouco da centrão de São Paulo? Para o sábado, dia 20 de julho, foi programado um ‘tour' pela cidade.
Em grupos pequenos, cada um com seu responsável e a bandeira missionária com sua cor (é que cada grupo tinha uma bandeira com as cores dos continentes e Nossa Senhora Consolata. Essa bandeira, sempre esvoaçando no ar, não permitia que nenhum deles se perdesse. Além disso, eles tinham a camiseta personalidade com estampa, na frente - Jovens da Consolata e atrás - o ícone da Consolata com o lema: Missionários na cabeça, na boca e no coração, do Allamano).
O itinerário poderia ser modificado, conforme a criatividade do responsável. Mas, o roteiro indicava: a Praça da Sé, onde está o marco de Centro de São Paulo; a Catedral da Sé, uma preciosidade em estilo gótico e muito apreciada e visitada pelos turistas. Não longe daí ergue-se o Mosteiro de São Bento, que abriga uma Comunidade de Monges beneditinos e um grande Colégio onde se formava a nobreza antiga e hoje continuam se formando muitos jovens. Nos arredores, as famosas Igrejas de São Francisco e Santo Antônio também chamam a atenção pelos seus estilos, pela abnegação dos frades franciscanos e pelo atendimento espiritual, de manhã à noite. Alguns grupos, mais afoitos e corajosos, enfrentaram a Rua 25 de Março, o maior shopping a céu aberto do Brasil.
A ideia era ir até a Av. Paulista, o cartão postal de São Paulo, mas o tempo não permitiu. Às 14h00 deviam estar no Campo de Marte e apenas um grupo ousou caminhar mais e ir até a Av. Paulista e subir no Terraço, Praça Bagatelli, onde se reuniriam todos os jovens hospedados na Arquidiocese de São Paulo. De fato, a partir do meio dia, os grupos foram chegando com suas características: cantando, batucando, esbanjando alegria para todo lado. Passando, iam envolvendo o povo que encontravam convidando para a festa - uma bonita confusão de raças e línguas...
No imenso palco erguido na Praça, já os aguardavam várias bandas católicas famosas que se revezavam, com músicas, danças e preces. Em poucos minutos, a praça se encheu e os 15 mil jovens representando 58 países, entraram no ritmo. No horário marcado - 17h00 chegaram dom Odilo Pedro Scherer, cardeal de São Paulo, o cardeal de Madri, os bispos das Regiões da arquidiocese, inúmeros bispos, vindos de outras dioceses, padres e diáconos. Também, lá estavam o governador do Estado, Geraldo Alckmin com sua esposa, bem como o prefeito Fernando Haddad e sua esposa, autoridades políticas e militares...
A Cruz peregrina e o ícone de N. Senhora foram entronizados ao lado do altar e a celebração eucarística foi iniciada ao som do Hino oficial da JMJ cantado por todos. O refrão era cantado nas três línguas: espanhol, inglês e português. Toda a celebração foi preparada e animada por um grupo de jovens de várias Regiões da arquidiocese. Na homilia, dom Odilo se fez jovem com os jovens. Refletiu com eles um pouco sobre as leituras escolhidas para o dia. A primeira (Gn 18, 1-10ª), que retratava a situação atual da hospedagem por tantas famílias de todos os peregrinos vindos do mundo inteiro; a segunda (Cl 1, 24-28) onde o apóstolo São Paulo fala do seu dever de evangelizar e convidou todos os jovens a ajudarem a Igreja a ser mais missionária, cada um no seu ambiente e no seu grupo... O Evangelho (Lc 10, 38-42) deu a oportunidade de refletir sobre o serviço: hospedagem de serviço, assim como fez Maria e Marta em relação a Jesus.
Já escurecia quando todos fomos convidados a acender a vela que tínhamos em mãos, para fazermos juntos a uma só voz a profissão de fé, lembrando que estamos no Ano da Fé. Foi usada a fórmula do Credo Niceno-Constantinopolitano. Foi emocionante ouvir, cada um em sua língua proclamar sua fé com vigor e convicção.
Ao final da celebração foi um pouco demorado até reunir os grupos; não só os nossos, mas todos os demais. Porém, ainda uma vez, as bandeiras fizeram a sua parte e cada grupo se formou. Os 15 mil jovens saíram daquele recinto e se espalharam em todas as direções, chamando a atenção das pessoas que vinham à janela para ver o que estava acontecendo. Foi aquela debandada... Mais uma bonita confusão! Os nossos 280 jovens e mais os acompanhantes e convidados, a pé, fomos em direção à Paróquia N. S. Consolata do Jardim São Bento.
Cansados, mas felizes, os jovens continuavam cantando, batendo tambor, gritando "palavras de ordem", atraindo a atenção de todos. O cansaço foi recompensado: fomos acolhidos pelo pároco Pe. Moisés Facchini e uma grande Equipe da Comunidade que havia preparado, com muito carinho, uma deliciosa pizza para todos. Até o superior Geral Stefano Camerlengo e alguns padres da Casa Regional IMC vieram saudar a turma e saborear a pizza. Ao término da sessão "comida", alguns grupos já tinham ido preparados para fazer as apresentações folclórico-culturais de seus países, aliás, muito aplaudidos.
Satisfeitos no corpo e no espírito, agradecidos a Deus por tanto carinho, disponibilidade e apoio das comunidades, voltamos, cada qual para seus lugares de hospedagem, com um pouco de dificuldade, é verdade, pois a hora já ia adiantada e os motoristas dos ônibus, vendo aquela multidão, passavam sem parar. Mas, ao final, tudo foi resolvido e todos pudemos reclinar nossas cabeças no travesseiro e refazer as forças para o dia seguinte, última etapa em São Paulo, antes da viagem para o Rio de Janeiro.
Fonte: Rosa Clara Franzoi / Revista Missões