Cajuaz Filho *
Quando de sua passagem pela Terra, o Divino Mestre afirmou: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (Jo 8,32). "Vim ao mundo para dar testemunho da verdade".
Essas palavras encerram uma exigência e uma advertência. A exigência é que o homem, em qualquer situação, deve dizer a verdade mesmo que doa a quem quer que seja e deve divulgá-la sem temor, pois sem ela não haverá liberdade, é a advertência.
Na iminência de ser crucificado, Jesus Cristo não teve medo de dizer a verdade: "Tu és o Rei dos Judeus", perguntou Pilatos. Ele respondeu: " Tu o dizes. Eu sou o Rei dos Judeus".
A síntese de sua pregação encontra-se nos Evangelhos e Ele manda pregá-la: "Ide e pregai a toda a criatura".
Pregar a verdade? No mundo atual parece uma coisa obsoleta. E vivê-la é cafonice.
A verdade incomoda, machuca e dói e, se não se tiver coragem, por isso procura-se escamoteá-la.
Recentemente por ocasião da abertura da Semana Jurídica do Instituto de Educação Superior de Brasília, o Presidente do Supremo Tribunal Federal fez a seguinte declaração: "Nós temos partidos de mentirinha e os partidos querem o poder pelo poder". Continuando afirma também que " os partidos não têm consistência ideológica nem pragmática".
Essa declaração doeu nos calos dos políticos e não podia ser de outro modo. O que disse o Ministro é a expressão da verdade que todo o povo brasileiro que ama a verdade queria dizer.
São verdades meridianas que não carecem de quaisquer explicações e devem ser proferidas sem temor algum, pois só a verdade libertará. O mal-estar que essa declaração causou no meio político é explicável e não podia ser de outro modo.
Os partidos políticos são, de fato, de mentirinha. Eles não têm filosofia partidária, não têm ideologia, nem linha de ação e, o pior, nem ética. Vivem como ventoinhas ao sabor dos ventos que lhes sejam favoráveis e da prática da Lei de Gérson e se bandeiam para o lado que lhes oferecer mais vantagens.
Observe-se o início de cada governo. É uma briga de foice para os partidos abiscoitarem o maior número de ministérios e de cargos de confiança no segundo, terceiro e mais escalões. Por quêe ?
Isso é interesse pela coisa pública? Não, não e não. Partidos deste jaez são autênticos? Não, não e não. São de mentirinha. Buscam só vantagens para si, para os familiares e para os amigos. A coisa pública e o povo que vão para o beleléu. Será que eles não sabem disso? Santa ignorância!
O mesmo acontece quando da aprovação de projetos. É dever dos partidos discuti-los, observar se são bons para o país e para o povo, aperfeiçoá-los, se necessário, sem necessidade de ressuscitar o mensalão para sua aprovação. Que coisa! É verdade.
Essa maneira de agir é uma demonstração inequívoca de que os partidos políticos brasileiros são de mentirinha. O Ministro tem razão de sobra e ele não trouxe novidade alguma. Só mostrou a realidade nua e crua.
Parabéns, ministro Joaquim Barbosa.
Assim deveriam ser todos os administradores da Justiça e deveriam ter a consciência de que foram constituídos para dar testemunho da verdade.
Doa a quem doer.
* Cajuaz Filho é professor da Universidade Estadual do Ceará e do Instituto Federal de Educação Tecnológica, nas áresa de Língua Portuguesa, Latina, Grega e Cultura Grego-Romana.
Fonte: Cajuaz Filho / Revista Missões