"Chavismo permanecerá, mesmo sem Chávez", afirma historiador

Izabelle Mundim e Janaina Garcia

A comoção provocada pela morte de Chávez, no poder desde 1999, potencializará a tendência de que outro chavista vença as próximas eleições para presidente na Venezuela.

É o que afirma o jornalista e doutor em história pela USP, Gilberto Maringoni, autor de "A Venezuela que se inventa - poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez".

De acordo com a Constituição venezuelana, novas eleições deverão ser convocadas em até 30 dias, já que o vice-presidente, Nicolás Maduro, só assumiria se o presidente morresse nos dois últimos anos de mandato (na Venezuela o mandato presidencial é de seis anos).

Em pronunciamento antes da cirurgia, quando foi para Cuba em 11 de dezembro de 2012, Chávez pediu que os venezuelanos votassem em Maduro, caso ele não pudesse assumir a presidência.

Segundo Maringoni, além da comoção da morte, a eleição de um chavista pode acontecer por questões objetivas, como a aprovação de Chávez pela maioria da população e a situação estável da economia deixada por ele.

"A situação econômica do país é boa, há uma situação de emprego estabilizada, a Venezuela cresceu 5,6% ano passado", afirma o historiador.

"A morte de Chávez, especificamente, não vai abalar a economia, pois quando ele foi para Cuba no início de dezembro, preparou a economia do país para a ausência dele", completa.

Outro dado, objetivo, como salienta o historiador, é o "chavismo sem Chávez" que dava sinais de consolidação nas últimas eleições para governador, no final de 2012.

"O Chávez não estava concorrendo, não pôde fazer campanha, pois já estava em Cuba e, ainda assim os candidatos chavistas venceram em 20 dos 23 Estados da Venezuela", comenta.

Para o historiador, as mudanças que o governo bolivariano provocou nos últimos 15 anos fizeram com que o chavismo enraizasse na sociedade venezuelana.

"A pauta dele foi o combate à pobreza e à desigualdade social, as melhoras sociais, a recuperação da autoestima do venezuelano pobre e isso se enraizou na sociedade e vai ser muito difícil sair pauta do país, de imediato", afirma.

Quem herdar esse legado, segundo Maringoni, vai acabar se colocando melhor no processo eleitoral que virá. "A comoção da morte de Chávez potencializa o chavismo, mas os dados mostram a solidez do legado deixado por ele - que não é negado nem por quem o criticava", conclui.

 

Fonte: www.uol,com.br

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