Marcelo Barros *
O assunto da semana na ONU é a proteção da camada de ozônio na estratosfera. A cada ano, o dia 16 de setembro é considerado pela ONU "o dia internacional de proteção à camada de ozônio". Durante toda essa semana se realizam no mundo inteiro seminários e eventos para alertar a humanidade da situação atual e avançar no cuidado com a atmosfera. O ozônio é um gás altamente volátil, molécula composta por três átomos de oxigênio (O3) e que se encontra na atmosfera. Na superfície da terra , o ozônio é um gás poluidor e negativo.
Na atmosfera, entre 25 e 30 quilômetros de distância da superfície da terra, há uma camada de ozônio que absorve a radiação ultravioleta do sol e protege as plantas, animais e os próprios seres humanos dos raios ultravioletas. Quando essa camada de ozônio diminui ou desaparece, ficamos expostos a várias enfermidades e problemas. E isso, conforme os cientistas descobriram, começou a acontecer nos anos 70. A cada ano, a ONU consagra o 16 de setembro como "dia internacional da preservação da camada de ozônio", porque em 1987, nessa data, 46 países assinaram o "Protocolo de Montreal". Ali, eles se comprometeram a parar a fabricação de clorofluorcarbono (CFC) afim de deter a destruição da ozonosfera, ou seja, a camada de ozônio que protege a estratosfera terrestre. Esse acordo foi importante e mais eficaz do que o protocolo de Kyoto, assinado mais tarde para deter o aquecimento global. Desde a assinatura do documento de Montreal, conforme os cientistas da OMM (Organização Mundial e Meteorologia), a produção do CFC chegou a cair 76% em relação aos anos anteriores ao tratado. Entretanto, a própria ONU reconhece: no mercado negro, a cada ano, continuam a ser vendidas mais de 30 mil toneladas de CFC, em forma de gás para geladeiras e de latas de spray. Isso mostra que não basta a lei para mudar a realidade.
É preciso uma consciência nova e uma mudança cultural. Esse é o objetivo do dia ou semana de proteção à camada de ozônio. Ela é o filtro da vida e da saúde e do planeta. Cuidar da proteção da camada de ozônio é responsabilidade dos governos e dos organismos internacionais, mas é possível e importante que todos nós, cidadãos, entremos nessa campanha. Quando facilitamos as queimadas, quando usamos e abusamos de certos sprays como inseticidas e desinfetantes de ambientes, provavelmente estamos comprometendo mais ainda a camada de ozônio. Alguém pode rebater que se trata de um nível muito pequeno de poluição, mas a incidência numerosa desse tipo de prática em um conglomerado urbano, já pode significar um dado marcante.
As Igrejas e religiões têm uma responsabilidade séria na formação e sensibilidade das comunidades com relação ao cuidado com a natureza e em especial com a camada de ozônio que protege a vida. O Conselho Mundial de Igrejas que reúne 349 confissões cristãs, entre Igrejas evangélicas e ortodoxas, prepara sua 10ª assembleia mundial que ocorrerá em inicio de novembro de 2013 em Buzan, Coréia do Sul. O tema geral escolhido para essa assembleia é a prece: "Deus da vida, guia-nos para a justiça e a paz". Como preparação para esse evento, uma importante comissão de delegados reuniu-se nesses dias em Kolimpart, na Grécia. E nesse encontro, o Conselho de Igrejas enviou à ONU um documento no qual se propõe a ajudar as comunidades cristãs a se comportarem como "antessalas da criação divina" e assumirem o compromisso de cuidarem com mais afinco de uma unidade holística que abrange toda a natureza como comunidade da vida e não somente o ecumenismo entre as Igrejas. A proteção da camada de ozônio, filtro da vida no planeta, entra nessa pastoral do amor ecológico.
* Marcelo Barros é monge beneditino.
Fonte: www.alainet.org