Joaquim Gonçalves
COMIRE DO REGIONAL SUL 1: "a Dimensão Missionária à Luz do 3º Congresso Missionário Nacional: Compromissos e Encaminhamentos".
A diocese de Jundiaí assumiu a tarefa de "ser a casa missionária" para a realização do 32.o Encontro Missionário do COMIRE do Regional Su1, que decorreu de 24 a 26 de agosto de 2.012, na Casa de Oração e Convivência Servo de Javé.
A abertura foi caracterizada pela riqueza de símbolos. Dos símbolos apresentados na sala por uma equipe, o primeiro foi um par de sandálias, símbolo missionário dos que caminham sem medir distância até chegar ao mais distante. O segundo, que se referia ao 3º Congresso Missionário realizado em Palmas, foi uma sacola de viajante, apontando para o rosto de sobriedade da vida missionária.
Depois entrou o globo terrestre apontando para a missão sem fronteiras atravessando mares e cruzando céus. Seguiu-se a cruz, simbolizando a prova do amor pela qual passa quem segue o Senhor. A Bíblia entrou como o tesouro que o enviado carrega consigo e do qual brota a luz que ilumina o mundo. O terço missionário veio simbolizar a oração do povo simples que vive cheio de confiança em Maria. Finalmente acolhemos a imagem de nossa Senhora Aparecida, a primeira missionária de Cristo e que peregrinou na diocese acolhedora do evento nos meses de preparação para este encontro de convergência e de comunhão missionária.
Estavam presentes 28 dioceses com 150 delegados, dos quais 15 já tinham participado no 3.º Congresso em Palmas. Dom Vicente Costa, bispo de Jundiaí, acolheu todos os delegados com muita alegria e fazendo referência ao 3º Congresso Nacional disse: "aqui vamos dar continuidade ao Congresso realizado em Palmas; o que vimos e ouvimos queremos transmitir, porque queremos dar continuidade à missão e nos prepararmos para o CAM IV do próximo ano".
Temas de Reflexão: O mundo secularizado e pluricultural; "a virada popular".
Depois de dar informações sobre o projeto missionário dos Regionais Sul 1- Norte 1 com 3 padres e 4 leigos , atuantes na Amazônia, dom Vicente deu abertura à sessão do dia para começar a reflexão sobre os mesmos temas do 3º Congresso Missionário Nacional , que foram apresentados pelo padre Sidnei Dorneles e a Irmã Dirce Gomes da Silva, assessores da CNBB.
Secularização e a pluralidade cultural são grandes desafios para a missão em nossos dias. A nós cabe encontrar respostas para os problemas de hoje. O Rio+ 20 confirmou que o planeta está doente, não apenas por causa da evolução climática, mas também por causa dos radicalismos políticos e religiosos.
Como ser missionário num mundo secularizado? Padre Sidnei explicou a história da secularização desde que o termo começou a ser usado para definir quem abandonava tarefa de serviço na igreja. Aos poucos se sistematiza e universaliza a teoria de que é possível ser feliz sem fé e sem religião. Mas a fé pode ser vivida num mundo secular sem precisar criar conflitos entre fé e ciência. O termo secularismo, porém, carrega o sentido de indiferença perante a fé e às vezes expressa uma militância contra a mesma fé, exigindo a retirada de sinais religiosos dos espaços públicos. A exclusão de Deus como alguém que tem a ver com a vida e toda a criação, arrasta o ser humano para adorar outros deuses que tragam a felicidade. Cresce a alienação fazendo mau uso da religião; cresce o individualismo religioso que prejudica a comunhão entre as pessoas. A questão que hoje se coloca é como entrar nessa visão de mundo secular sem perder a identidade cristã e dar-lhe uma dimensão de marca cristã. A renovação da igreja é ncessária. Devemos dar-lhe um novo impulso missionário.
Num contexto social e religioso em mudança como evangelizar? Como viver a dimensão religiosa no ritmo de vida de uma cidade? O cidadão é tentado a colocar a dimensão religiosa em segundo plano nos compromissos de sua vida. Os pais, na sua grande maioria, não se preocupam com a formação religiosa dos filhos. A organização pastoral ainda se pauta pelo território, as paróquias e dioceses. Precisamos de um novo impulso missionário na nossa organização eclesial e na ação pastoral.
"A virada pupular": tema apresentado pela Irmã Dirce Gomes da Silva, assessora missionária na CNBB.
Este tema que foi desenvolvido no Congresso Nacional por Paulo Suess, foi explanado seguindo estes itens: O Concílio VII veio trazer uma nova Luz, chamada "Aggionarmento" para o mundo para que a igreja se transformasse num farol de Cristo (LG); as decisões tomadas representaram uma "Virada Popular" no modo de ser igreja o que exigiu audácia e fidelidade, para tomar consciência de ser igreja povo de Deus a caminho (SC e LG); com um espírito de encarnação, de partilha, de comunhão e diálogo (GS.DH.NA).
Foi um Concílio de rosto pastoral. Por isso que Paulo Suess lhe chama "virada popular". Chegou a hora de abrir espaço para os leigos assumirem a tarefa de serem sujeitos ativos. A igreja se abriu para os afastados e para os problemas do mundo. Aos poucos se descentralizou. Devemos nos remeter ao estilo e ritmo dos primeiros tempos de cristianismo: igreja de martírio, de testemunho e peregrina; igreja povo, igreja corpo de Cristo, de união de carismas, de participação, de sacerdócio comum.
A missão inserida na cultura da produtividade tem que ser de gratuidade e solidariedade com doação da vida. É necessário sair de uma igreja bemfeitora para ser uma igreja samaritana, igreja dos pobres e na casa dos pobres.
Terminada esta análise do cenário evolutivo da igreja, os participantes partiram para a reflexão em grupos em torno desta pergunta: como ser missionários evangelizadores num mundo secularizado e pluricultural?
No plenário sobressaíram algumas propostas operativas:
- Cuidar da formação missionária adequada para nossos dias
- Ter consciência que somos chamados a ser farol no meio da sociedade.
- Evangelizar a partir do Kerigma - encontro pessoal com Cristo que gera ousadia e entusiasmo.
- Setorizar as paróquias para torná-las mais missionárias com COMIPAS bem organizados
- Fortalecer os sub regionais na dimensão missionária
- Colocar todas as pastorais em espírito de missão permanente.
- Perceber o além fronteiras dentro da própria paróquia.
- dar sentido à virada popular no modo de ser igreja.
Na celebração eucarística conclusiva, o representante dos bispos do Sub regional, dom Vicente Costa, exortou os participantes no evento dizendo que o 32.º encontro do COMIRE Sul 1 deixa uma lembrança e uma marca que se pode se resumida em três palavras:
- a missão é uma escolha que exige radicalidade, isto é ligação à sua raiz que é Jesus Cristo. Sem essa ligação profunda com a pessoa de Jesus não seremos capazes de alcançar nossos objetivos. Discípulos-missionários nascidos de um encontro com Cristo.
- essa escolha para ser operante deve ser eclesial, comunitária. A missão não é uma obra pessoal para alcançar êxitos, mas uma ação de comunhão e soma de carismas e de dons.
- a missão não é ocasional, não é uma campanha, mas permanente, porque faz parte da essência do "ser igreja". Permanente e perseverante porque não é fácil ser missionário, mas faz parte do ser cristão.
Fonte: Revista Missões