Maria, discípula missionária

Tadeu Costa Gonçalves *

A sociedade possui variadas formas de pautar suas atividades cotidianas. Através do calendário civil demarcamos nossas atividades culturais: os feriados mensais, a data de início e final do calendário escolar, a tabela de horário do transporte público ou mesmo os direitos trabalhistas de cada funcionário que possui sua carta assinada mediante um salário específico. Da mesma forma, a Igreja, de modo organizado, criou o calendário litúrgico com intuito de facilitar aos cristãos a vivência de cada ensinamento bíblico bem como o recebimento dos sete sacramentos que alimentam o cristão na vivência da fé. Os sacramentos, de modo individual e/ou associado, nos fortalece na vivência das verdades da fé - a saber - que sem a presença de Deus em nossa vida não poderemos sequer reverenciar a Javé, o Deus da Vida, como nosso Senhor e nosso Deus. Somente movidos pelo Espírito Santo conseguiremos ouvir e acolher o projeto que Deus Pai, rico em misericórdia, nos reserva no dia a dia.

Referindo-se diretamente ao calendário litúrgico cristão, a Igreja nos aponta o mês de maio como oportunidade de reverenciarmos Maria, uma jovem da pequenina cidade de Nazaré, como a escolhida, a ungida pelo Espírito Santo para participar de modo muito particular na obra salvífica de Deus para com toda a raça humana. Por Maria, Deus se encarnou e veio morar entre nós. No Sim de Maria o projeto de Deus tomou forma visível, a Palavra se fez carne, o mundo se tornou casa de Deus.

A Igreja Católica em suas diversas raças e línguas, dedica atenção especialíssima àquela que confiante deixou que a vontade de Deus, por meio do seu ser, se fizesse verdade. Maria foi, é, e sempre será, para cada povo, o modelo de filha de Deus; mãe de Jesus; esposa do Espírito Santo. Se por uma mulher e um homem - Adão e Eva, o pecado entrou no mundo, também por meio de um homem e uma mulher, Jesus e Maria, a dignidade de filhos e filhas de Deus foi devolvida a cada um de nós, membros vivos do corpo místico de Cristo que é a Igreja, comum-unidade na fé. O mês de maio, por longos anos e com aprovação eclesiástica, ou seja, com orientação da Santa Sé, acolheu, aprovou e orienta cada cristão quanto aos atos de devoção popular como reza do terço, ladainha de Nossa Senhora, coroação, novenas e procissões/caminhadas com imagens de Nossa Senhora como oportunidade de associarmos a fé com a vida.

O culto a Maria, que a doutrina cristã denomina "hiperdulia" (louvor dispensado a Maria como Mãe do Salvador) tem o objetivo de levar cada ser humano à vivência da fé por meio das palavras e gestos no cotidiano da vida. Por meio dos cristãos a Igreja deseja que a Palavra do Evangelho - a Boa Nova de Jesus Cristo - se torne fonte de vida nova. Aqui poderemos rememorar o cantor cearense Zé Vicente, em uma das suas significativas canções entitulada Tua Palavra é:
"Tua palavra é!
Luz do meu caminho!
Luz do meu caminho, meu Deus!
Tua Palavra é!".

Refletindo toda a ação litúrgica e devocional de cunho mariano ocorrido em nossa paróquia durante o mês de maio, poderemos refletir com abertura de coração de que em lugar de questionarmos os variados gestos voltados para a pessoa e a imagem de Maria como a "Mãe de Deus e nossa mãe, a Rainha do Céu, a medianeira de todas as graças, o espelho da justiça, a estrela da Evangelização, a Rainha da Paz", maior proveito teremos se pedirmos a Deus a capacidade de nos deixarmos orientar, a exemplo de Maria, a Filha de Sião, pelo anúncio do anjo Gabriel, e da mesma maneira como Maria, respondermos: "Eis aqui a Serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua vontade".

•Tadeu Costa Gonçalves é sacerdote orionita e vigário paroquial da Paróquia São Francisco de Assis, bairro Fazendinha - Itapipoca/CE.

Fonte: Revista Missões

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