Esther Vivas *
Os debates, seminários, grupos de trabalho, atos culturais... continuam no Fórum Social Temático: Crise capitalista, justiça social e ambiental que nestes dias têm lugar em Porto Alegre (Brasil). Um dos temas centrais, abordado em múltiplas atividades, é como enfrentar a crise ecológica e climática global, combater o capitalismo verde e acordar propostas de ação e mobilização que permitam a coordenação das lutas.
De olho na Cúpula dos Povos pela Justiça Social Ambiental, contra a Mercantilização da Vida e a Natureza e em Defesa dos Bens Comuns que se celebrará no Rio de Janeiro, de 18 a 23 de junho de 2012, coincidindo com a Cúpula Oficial da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, os coletivos reunidos em Porto Alegre colocam no centro de seus debates a necessidade urgente de vincular a luta social indignada ao movimento pela justiça climática global. E, deste modo, preparar, desde o Fórum Social Temático em Porto Alegre, o caminho à Rio+20.
É que desde a celebração da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992, onde se aprovou a Convenção sobre Mudança Climática e se estabeleceram as bases sobre desenvolvimento sustentável, os acordos e negociações referentes ao clima não fizeram senão ir de mal a pior. Os resultados das cúpulas do clima da ONU em Copenhage (2009), Cancún (2010) e Durban (2011) são a melhor prova deste estrondoso fracasso. O capitalismo é incapaz de nos tirar da crise ecológica global à qual sua lógica produtivista e de curto prazo nos conduziu.
As soluções tecnológicas à mudança climática, desde as nucleares passando pelos agrocombustíveis até os cemitérios de CO2, não são uma alternativa real para frear o aquecimento global. Ao contrário, estas medidas não vão senão agravar a crise social e ecológica na qual nos encontramos, sendo um instrumento a mais, a serviço do capitalismo verde, para fazer negócio.
Assim, dizia Pat Mooney, diretor do Grupo ETC, no seminário ‘Ecossocialismo ou barbárie. A armadilha do capitalismo verde, quando diz que a "tecnologia não é uma resposta ao povo". E acrescentava: "Na cúpula das Nações Unidas em 92, a gente tinha um montão de palavras que os capitalistas converteram num montão de dinheiro".
O Fórum de Porto Alegre acerta em cheio ao apontar a centralidade da crise ecológica e climática. É que o futuro do planeta nos afeta a tod@s. Não há justiça social sem justiça ambiental, nem justiça ambiental sem justiça social. Tomemos nota.
* Esther Vivas, colaboradora internacional do EcoDebate, é co-autora de “Resistencias globales. De Seattle a la crisis de Wall Street”, entre outros livros. Artígo publicado na revista Iglesia Viva. Participou no Fórum Social Temático em Porto Alegre.
Fonte: www.ecodebate.com.br