Maria Regina Canhos Vicentin *
Quinze de outubro é dia dos professores, e também consagrado à sua padroeira Santa Teresa de Ávila. A associação da santa aos docentes se deu, à época, por serem em sua maioria mulheres e católicas. Além disso, Teresa ficou conhecida por sua notável inteligência e sabedoria, sendo proclamada Doutora da Igreja em 1970, pelo papa Paulo VI. Em uma de suas frases diz: "O Senhor não olha tanto a grandeza das nossas obras. Olha mais o amor com que são feitas". Penso ser interessante meditarmos sobre essa frase neste dia dos professores, afinal, muitos de nossos mestres são verdadeiros heróis dentro da realidade ora vivenciada nas escolas.
Sentimo-nos impotentes frente à violência e o desrespeito. O professor experimenta o medo de ser agredido, humilhado, e até morto dentro da própria sala de aula. Local onde antes era valorizado e respeitado por seu notável saber e conhecimento. Havia satisfação ao lecionar e distinção na profissão de educador, afinal, contribuía-se para a formação dos futuros empresários, comerciantes e profissionais liberais. Serviam de exemplo vivo para os jovens que se espelhavam em suas atitudes, e sentiam orgulho do professor. Manifestações de carinho eram constantes e muitos docentes sentiam-se plenamente realizados no exercício de sua profissão. Não se tratava de um fardo a ser carregado para assegurar a sobrevivência num mundo competitivo, mas um mister a ser exercido por livre escolha e que garantia inúmeras gratificações.
Olhando para ontem e para hoje fico triste. Sala de aula virou oficina circense, onde existem os que fazem papel de palhaço, de malabarista, de equilibrista... Há mágicos, dançarinas e também os que se arriscam no globo da morte. Só que no circo as coisas voltam ao normal quando o espetáculo acaba, enquanto que nas escolas o show deve continuar até que o professor seja afastado com síndrome de burnout, estresse crônico, pânico ou depressão. Parece não haver quem se importe com o ser humano que existe e faz parte do docente. Espera-se uma conduta exemplar, uma paciência exemplar, uma educação exemplar. Cristo veio dar exemplo de amor, bondade e misericórdia, no entanto, isso não impediu que o crucificassem com requintes de crueldade.
As pessoas precisam ser preparadas para amar, e isso se consegue através de atitudes de amor para com elas. Certamente, muitos professores não estão conseguindo educar, pois falta a base em seus alunos. Faltam atitudes amorosas de seus primeiros educadores, os pais. O descaso, a indiferença e a frieza estão presentes em muitos lares, originando crianças e jovens difíceis de educar e conviver. Somente o verdadeiro amor pode transformar o cenário atual. "O Senhor não olha tanto a grandeza das nossas obras. Olha mais o amor com que são feitas". O verdadeiro educador ama o fruto daquele que ainda se lhe apresenta como semente. Sei que não é fácil, mas é missão das mais grandiosas. Feliz dia dos professores!
* Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora. Acesse e divulgue o site da autora: ww.mariaregina.com.br
Fonte: www.mariaregina.com.br