Um chamado está no ar

Andréa L. de Carvalho *

De olhos fixos em Jesus

No mundo dos jovens de hoje, um emaranhado de luzes, de chamadas, de convites, de descobertas e de múltiplas escolhas, há algo que eles não sabem; ou porque nunca lhes foi dito, ou porque nunca se aprofundaram de maneira suficiente no momento, na etapa da vida que estão vivendo. Uns poucos, os que estão mais atentos, percebem que há um chamado no ar. Podem não saber quem é que está chamando, nem para que é este chamado; mas, no fundo, sentem que alguém lhes indica uma direção.

Na minha vida, isso começou num encontro de jovens e adolescentes em minha comunidade na cidade de Carapicuíba, São Paulo, SP. Na época eu estava com 14 anos. O assessor do encontro nos falou das várias vocações que existem e no final desafiou-nos com a pergunta: "o que será que Deus quer de mim?" Seguiu-se uma dinâmica. Nela cada um de nós devia escolher, ao menos por aquele dia, uma das vocações. Fomos todos pegos de surpresa e eu comecei a ficar ansiosa. "E agora, o que vou escolher?" Logo pensei: "Ah! Vou escolher o matrimônio". Mas, quando estava escrevendo a minha resposta, senti que dentro de mim algo não batia, não fechava. Estava meio perdida. Fiquei alguns instantes sem saber o que responder. O encontro prosseguia e de repente, uma luz veio à minha mente. Eu não tinha certeza, mas me sentia bem com aquela escolha: a vida consagrada. Estava contente. Mas, e daí o que fazer? A quem procurar? Bem se diz que quando Deus quer uma coisa, ele mesmo vai abrindo as portas. E assim foi comigo.

De olho na meta
Um dia, pela primeira vez, encontrei as irmãs da Consolata. Meu coração bateu forte. Eu não as conhecia e menos ainda, pensava em seguir aquele caminho até então desconhecido. Mas, comecei a me interessar e prestar atenção ao que Deus vinha me mostrando. Fiquei sabendo que elas iriam realizar um encontro vocacional perto da minha cidade - em Jandira - e para lá fui eu. Gostei muito, e daí por diante, por quatro anos, passei a frequentar os encontros, uns em Jandira, outros em São Paulo. Iniciei com elas o acompanhamento vocacional, isto é, uma formação personalizada e de discernimento que toda jovem interessada recebe. Com isso minha vocação ia se firmando. Nesta formação passei a conhecer e admirar o carisma missionário da Congregação, fundada pelo Bem-aventurado José Allamano em 1910. Entusiasmava-me com a partilha das irmãs sobre o trabalho nas Missões, aqui no Brasil e em outros países do mundo.

As palavras do padre José Allamano me chamavam a atenção. Aos irmãos que não o deixavam ir para o Seminário, porque achavam melhor que antes terminasse os estudos, disse decididamente: "Deus me chama hoje, não sei se me chamará ainda amanhã"; e partiu. E assim eu fiz. Desde fevereiro de 2011, estou fazendo minha experiência vocacional com as missionárias da Consolata e pretendo seguir em frente neste caminho "de olhos fixos em Jesus". Durante a minha formação religiosa-missionária, curso a Faculdade de Pedagogia "Diante do altar, Senhor, entendo minha vocação; devo sacrificar a vida por meu irmão". O chamado de Deus é algo inesperado. É convite. Responder a ele é questão de escolha. E eu me propus de fazer esta escolha.

Para Refletir - Ler 2Tes. 1, 11-12:
1. Deus chama cada pessoa a uma vocação nas várias etapas da sua vida. Será que nós estamos convencidos e vivemos com coerência a vocação que escolhemos?
2. O que significa, aplicada a nós, a frase: ‘Ser dignos da vocação à qual Deus vos chamou?'

* Andréa L. de Carvalho, 19 anos, aspirante na Congregação das Missionárias da Consolata. Publicado na revista Missões, Edição N. 04 - Maio 2011.

Fonte: Revista Missões

Deixe uma resposta

sete − um =