O Messias indispensável

Geovane Saraiva *

Viver bem o momento presente, na presença de Deus e iluminado por sua palavra, é uma necessidade, no sentido de se afirmar que já estamos salvos e com disposição para edificar um mundo diferente do existente, voltando-se para o futuro, segundo os desígnios do Criador e Pai. Evidentemente, sem jamais perder de vista a realidade futura, esplendorosa, interpretada através dos sinais dos tempos, á luz da palavra de Deus, cabendo ao cristão batizado, confiar em profundidade no projeto que nos é proposto pelo enviado do Pai, levando-o à frente, uma vez que ele é imprescindível para a vitória final, em consonância com o mandamento maior: "Eu vos dou um no mandamento, que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei" (Jo 13, 34).

Somos chamados a anunciar, todos os dias, a salvação oferecida por Deus e proclamar a sua glória às nações (cf. Sl 92, 2), a partir da manifestação de Jesus de Nazaré, no seu amor infinito, pleno de bondade e presente no mundo, quando entendemos que é possível viver a vida em harmonia com o mundo, que ele criou para nós, mas, sobretudo, com os nossos semelhantes.

O convite que Deus nos faz é para que nos afastemos do mal, ao mesmo tempo em que procuramos, com muita disposição, a eliminar todo tipo de falsidade e hipocrisia. É preciso que se tenha a mesma atitude de Natanael, que debaixo da figueira e, depois, dirigindo-se ao Mestre, recebeu um grande elogio: "Ai vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade" (Jo 1, 47).

Natanael representa o povo de Deus em busca do Messias esperado, na certeza de que a vida pede coragem, pede ideal e sonho. Temos ideais e sonhos que passam, sem preencher o nosso coração, sedento e ávido de felicidade, de poder participar da força redentora do próprio Deus, como um valor incomparável. Precisamos ter presente à realidade futura, o céu, como absoluta realização humana, no dizer do teólogo Leonardo Boff.

A morte ocasiona um silêncio extremamente profundo, a ponto de pensar que os males provém da nossa liberdade. Nas muitas vezes que a usamos e abusamos, não raras, atribuímos a Deus o que existe de ruim no meio da humanidade, na seguinte afirmação: "Se Deus existisse não haveria no mundo guerras, mortes e tantos outros males". Mas nós, enquanto caminhamos aqui na terra rumo ao amanhã dos nossos dias, para o nosso destino definitivo, temos que ter consciência da nossa morada eterna. Por ismo mesmo, nosso ideal de vida deveria ser baseado no Evangelho, ao afirmar: "buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça e tudo mais virá por acréscimo" (MT 6, 34).

O novo povo de Israel vive à espera do Messias, do Noivo, no sonho do banquete nupcial, representado na comunhão das pessoas entre si, participando de todas as coisas, na visão beatífica, vendo Deus face a face. É claro que a condição terrestre é diferente e incomparável a celestial, onde a criatura humana participa do mistério da glória de Deus e essa glória vai ficando cada vez mais brilhante e cada vez mais parecida com o Senhor, que é Espírito (cf. 2Cr 3, 18).

O céu consiste em poder viver a vida de Deus, perfeita, numa eterna convivência, totalmente realizada, em comunhão fraterna, em que no mistério da redenção, o universo se abre para Deus e se torna para nós uma nova realidade, no rompimento do véu do templo de cima para baixo (cf. MT 27, 51).

* Geovane Saraiva, Pároco de Santo Afonso, Fortaleza, CE.
Email: pegeovane@paroquiasantoafonso.org.br
http://twitter.com/pegeovane

Fonte: www.paroquiasantoafonso.org.br

Deixe uma resposta

2 × 2 =