Carlos Roberto Marques *
Quando o fim justifica os meios.
Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo de seus pés, e sobre a cabeça uma coroa de 12 estrelas (Ap 12, 1). Difícil invocar Maria sem ter dela esta visão majestosa, a que somos remetidos por seu título de Rainha da Igreja; ou não imaginá-la "vestida com esplendor", como Ester ao dirigir-se ao rei Assuero para interceder em favor de seu povo (Est 5, 1).
O dia 20 de junho é consagrado a Nossa Senhora Consolata, a padroeira dos institutos das missionárias e dos missionários da Consolata, fundados há mais de um século pelo padre José Allamano, beatificado em 1990 pelo agora, Bem-aventurado papa João Paulo II. A data não celebra uma aparição gloriosa e resplandecente, mas um resgate da imagem da Virgem, uma pintura em tela, em meio aos escombros de uma antiga capela, em Turim, na Itália.
Um breve resumo
A devoção a Nossa Senhora Consolata não é recente; remonta ao século V, quando o quadro com sua imagem foi exposto numa capela na Igreja de Santo André, em Turim, onde permaneceu até o início do século IX, tendo sido retirado e escondido por receio de destruição pelos chamados iconoclastas - destruidores de imagens. Teria caído no esquecimento e acabou soterrado nos escombros da igreja, danificada por constantes guerras.
Um cego, de nome Jean Ravais, da cidade de Briançon, na França, cristão fervoroso, tem uma visão de Nossa Senhora, que lhe pede para ir a Turim, indicando-lhe o lugar onde encontraria a imagem. Com a ajuda de uma serviçal da família, chega ao local indicado e conquista a credibilidade dos fiéis, inclusive do bispo, que se juntam num esforço de recuperação do quadro. Ao ser colocado diante da imagem, encontrada intacta, o cego restabelece a visão. Isto aconteceu no dia 20 de junho de 1104.
O fato despertou enorme entusiasmo e reacendeu a devoção do povo, suscitando a construção do que é hoje o Santuário da Consolata. Já convencido da natureza missionária do apostolado, foi a Consolata quem inspirou o padre José Allamano a fundar os dois institutos, a ponto de afirmar ser ela a Fundadora (Estrelas da Missão, IMC, 2001).
Quando se tem a expectativa de aparições majestosas, o que esperar de um simples encontro de objeto? É forçoso relacionar a recuperação do quadro em Turim com o encontro da imagem no nosso Rio Paraíba. Um e outro fato serviram para reacender a fé, inicialmente do povo local; mas a ação do Espírito se incumbiu de irradiar essa fé e a devoção para muito além do que se podia pensar. São, no Brasil, milhões que se devotam a Maria, sob o título de Aparecida. Allamano e seus missionários incumbiram-se de fazê-la conhecida, sob o título de Consolata, já em quatro continentes, com pelo menos dois mil missionários e missionárias, e milhões de cristãos evangelizados, em pouco mais de um século de atuação das duas congregações e o trabalho de numerosos leigos.
Saída das águas, tal como Jesus, batizado, saiu do Jordão, ou dentre escombros, que nos remete à saída da tumba, na Ressurreição, pouco importa. O certo é que o povo, daqui e de Turim, foi despertado para uma nova vida. Maria, Nossa Senhora, Aparecida ou Consolata, continua sua missão de levar seu Filho, a verdadeira consolação, a todos os lares, lugares e corações, escolhendo ela os meios e os caminhos.
* Carlos Roberto Marques é Leigo Missionário da Consolata - LMC, em São Paulo, SP. Publicado na revista Missões, N. 05 jun 2011.
Eu sou a Consolata
Sou também das Dores,
da Saúde, dos Prazeres
Desato nós, sou Auxiliadora,
sou do Perpétuo Socorro
Sou de Lourdes, de Fátima,
de Guadalupe
Sou Anunciação, Conceição,
Consolação
Sou Candelária, da Luz,
sou Aparecida
Honram-me chamando
de Rainha e de Senhora
Por meu Filho, eu sou tua Mãe
Mas respondo com alegria
Quando, amorosamente,
me chamam de Maria.
Fonte: Revista Missões