Mártires da primeira hora

Geovane Saraiva *

As palavras e as ações do Filho de Deus como foram importantes e imprescindíveis, mesmo porque a partir delas a humanidade teve a aportunidade de ver com clareza a imagem de Deus, naquela expectativa narrada pelo povo de Israel sobre a vinda do Messias. As pessoas ficaram marcadas e fascinadas, por exemplo, com a figura de João Batista.

Mas Hoje gostaria de me deter um pouco sobre o fascínio que exerceram na humanidade as figuras de Pedro e Paulo, dois grandes personagens, fundamentos do cristianismo, que logo na primeira hora, concretamente, pensaram a Igreja interna e externamente, respectivamente.

Pedro e Paulo receberam a coroa do martírio. Duas pessoas profundamente amadas por Deus, que no decorrer dos séculos, marcaram e personificaram a Igreja, de um modo ininterrupto, em toda sua história. Eles compreenderam de imediato, que o reino de Deus, anunciado por Jesus, tem na cruz, uma marca e uma característica bem definida e própria: o serviço e a caridade para com os irmãos. A ilusão do poder messiânico, de um Jesus conquistador e guerreiro, que logo iria restaurar o poder temporal em Israel, com certeza, estavam distante dos sonhos e das preocupações desses dois grandes amigos da cruz de Cristo Senhor.

Homens que fundaram a Igreja primitiva, tendo por base o resto, a herança do povo Israel. O martírio destes dois grandes apóstolos e amigos de Nosso Senhor Jesus Cristo se deu em Roma, pelo ano de 67. Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, julgando-se indigno de morrer como o seu Mestre. Já Paulo que "combateu o bom combate, terminou sua corrida e guardou a fé" (2Tm 4, 7), foi preso e depois decapitado. Portanto, um morreu pela cruz e o outro pela a espada.

Pedro foi escolhido por Cristo como fundamento do edifício eclesial, como portador das chaves do reino dos céus (Mt 16, 19), pastor do rebanho santo, com a missão de confirmar os irmãos na fé, e também, de ser sinal visível de unidade, na comunhão, na fé e na caridade. Conviveu com o Mestre e fez parte do colégio dos apóstolos, testemunhando com os próprios olhos a vida, a morte e a ressurreição do Senhor Jesus, e confessando: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!". Recebendo, da parte de Jesus, um grande elogio: "Feliz és tu, Simão, porque não foi à carne nem o sangue que te revelou isso, mas o meu Pai que está nos céus" (Mt 16, 16-17).

Pedro nos recorda a Igreja Instituição, com o poder e força recebida do próprio Filho de Deus, de ficar à frente de exigente e fascinante missão de dar continuidade, com dignidade e responsabilidade, o trabalho de santificar, ensinar e governar o rebanho santo do Senhor.

Paulo, o homem das viagens e missionário por excelência, que soube escrever e exortar, não conviveu pessoalmente com o Mestre. No início, de perseguidor ferrenho da Igreja e dos cristãos, abraçou a fé na viagem de Damasco e se transformou totalmente, acolhendo e testemunhando a partir de então, Jesus Cristo como o enviado do Pai. O seu compromisso a partir daí é muito claro: ser instrumento para levar o nome de Deus a todos os povos da terra (cf. At 9, 15). O anúncio do Evangelho, marcado pela forte presença da cruz, não se separa da vida do mestre e doutor das nações, o maior missionário de todos os tempos; tornando-se advogado dos pagãos e apóstolo dos gentios.

O seu encontro com o Filho de Deus foi algo maravilhoso! Mudou por completo a sua vida, a ponto de suportar tudo por causa do reino, indo ao encontro e se configurando com seu Mestre e Senhor, vivendo o que anunciava, dizendo com humildade e coração aberto: "Pela graça de Deus, sou o que sou" (1Cr 11, 10).

Paulo nos lembra o anúncio do Evangelho, os carismas, os dons e a missão das comunidades que abraçam a fé. Anunciar a boa nova do Senhor Jesus Cristo, foi para ele um exigência. Por isso mesmo está disposto a tudo, até a sua própria vida por causa do Evangelho - sem nenhum medo de se afastar da cruz, pois nela ele encontra salvação e a vida. "Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o instante da libertação se aproxima" (2Tm 4, 6).

Na caminhada do povo de Deus, logo no início do cristianismo, encontramos páginas e mais páginas que merecem de nós muita atenção. Referem-se aos mártires dos primeiros séculos da história da Igreja, quando o sangue foi abundantemente derramado. Foram homens e mulheres, que por causa da fé que abraçaram, morreram por uma causa: o reino de Deus, sonhado e desejado por Jesus de Nazaré.

Pedro e Paulo receberam diretamente do Filho de Deus o maior de todos os encargos: fazer acontecer a Igreja no seu início e a regaram com o próprio sangue. Eles beberam do mesmo cálice e tornaram-se assim grandes amigos de Deus. A exigente missão de beber do mesmo cálice que eles beberam e de confirmar os irmãos na fé, hoje, é confiada em primeiro ao Papa Bento XVI. Que a nossa oração suba aos céus na intenção da Igreja inteira, nos nossos tempos profundamente marcada pela diversidade, a construir o reino de Deus.

* Geovane Saraiva é sacerdote da arquidiocese de Fortaleza, CE, pároco da paróquia Santo Afonso. E-mail: pegeeovane@paroquiasantoafonso.org.br
http://twitter.com/pegeovane

Fonte: www.paroquiasantoafonso.org.br

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