Maria Regina Canhos Vicentin *
Estou participando de uma novena preparatória para o dia de Pentecostes. Gosto de fazer essas novenas, inclusive recomendo a do Pe. Haroldo Rahm, editada pela Paulus. Essas meditações vão preparando o solo fértil de nosso coração para a semeadura do Senhor. Certamente colhemos bons frutos desses minutos diários de oração e contemplação da Palavra. Num desses encontros que mencionei, meditamos sobre os momentos de Jesus no deserto, ocasião em que foi tentado pelo demônio na sua condição humana e não divina.
Quantas vezes, também nós, fazemos a experiência do deserto em nossas vidas? Passamos pela angústia, pela provação, pela dificuldade... Desanimamos frente aos desafios inerentes à condição humana, reféns de uma sociedade que prega o consumismo e a ganância. Fazemos a nossa experiência do deserto todas as vezes que nos sentimos pequenos diante das nossas responsabilidades, e o fardo pesa às costas. Fazemos a nossa experiência do deserto quando percebemos que somos limitados e que o mundo quase nos engole com as suas exigências de prontidão, excelência, superação - quando gostaríamos apenas de sermos nós mesmos. Fazemos a nossa experiência do deserto quando sentimos não ter tempo para desfrutar as coisas boas da vida, pois fazemos tudo apressadamente, sem avaliarmos se o que fazemos é realmente bom para nós.
Quando temos tudo muito fácil corremos o risco de achar Deus desnecessário. É no deserto que Ele se torna imprescindível para nós. Sentimos a solidão, o frio, o medo. O deserto é um lugar particularmente assustador quando estamos cansados, pois temos a sensação que iremos sucumbir. Deus é essa mão amiga que nos sustenta na hora da exaustão. Na noite escura da alma, quando nossas forças há muito se foram e a esperança parece nos abandonar, o Espírito Santo vem nos consolar com palavras que só o nosso coração é capaz de compreender, pois Ele conhece cada um no íntimo, e sabe o que nos mobiliza.
Estabelecermos um elo com o Espírito de Deus é vital para nós, por isso devemos procurá-Lo, invocá-Lo, buscá-Lo através da oração e do recolhimento. Ele se faz próximo daqueles que sinceramente O procuram e, desde então, passa a nos guiar em conformidade com o desejo do Pai para nós. O Espírito Santo é o Consolador, mas também a força motriz de ações necessárias à melhoria das condições humanas nesta Terra. O Senhor Deus não possui outros braços que não sejam os meus, os seus, os nossos para efetivar mudanças no cenário mundial. O Espírito Santo encoraja e orienta, dá sabedoria e mansidão, discernimento diante dos acontecimentos, prudência, piedade e força. Ele é o nosso maior e melhor aliado, hoje e sempre.
Aproximemo-nos deste nosso amigo. Abramos o nosso coração para recebê-Lo. O Espírito de Deus deseja operar maravilhas neste nosso mundo, mas precisa da nossa colaboração e disponibilidade. Vamos nos alistar no exército do Senhor, para que possamos ser orientados pelo seu Santo Espírito, empreendendo primeiramente uma mudança interior, para que depois possamos auxiliar cada pessoa a fazer a sua própria experiência do deserto.
* Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora. Acesse e divulgue o site da autora: www.mariaregina.com.br.
Fonte: www.mariaregina.com.br