Maria Regina Canhos Vicentin *
Janeiro é um mês sensacional para quem gosta de manga. Que delícia! Os pés estão carregadinhos daquela fruta amarela, alaranjada, avermelhada e até verde. Uma alegria visual e ao paladar. Tem gente que faz malabarismos para adquirir algumas mangas. As mais bonitas quase sempre estão lá em cima, então, muitas vezes é preciso subir no pé ou exercitar os braços com um pau comprido. Depois, é só saborear aquela fruta gostosa e suculenta. Às vezes, pode acontecer também dela estar bichada, principalmente se não pulverizaram produtos específicos para protegê-la. Algumas pessoas simplesmente descartam as mangas que estão com furinhos, pressentindo que há bichos lá dentro. Eu não faço isso não, pois há mangas bichadas extremamente doces. Basta tirar a parte estragada e aproveitar a parte boa. Talvez você ache estranho, mas as pessoas se parecem com as mangas. E algumas são bem bichadas! Mesmo assim, não me desfaço delas. Por força da minha profissão, estou acostumada a trabalhar com as partes estragadas das pessoas e posso assegurar que existe doçura nas partes boas.
Não se pode tomar o todo pela parte. Existem áreas verdadeiramente estragadas em nosso ser. Os bichos da inveja, mágoa, rancor e falta de perdão trabalham sem cessar para amargar o que temos de bom. Quando o pecado acontece, normalmente é porque a parte bichada está tomando um espaço maior que a boa. Precisamos trabalhar sobre as feridas sem medo, identificando a área infectada e realizando a necessária assepsia. O pecador tem jeito, sim. Basta que entregue sua vida machucada nas mãos do Senhor Jesus. O Mestre tem uma equipe treinada que trabalha para auxiliar o próximo. São farmacêuticos, enfermeiros, médicos, cirurgiões, psicólogos, padres, pastores, conselheiros. Na verdade, os títulos importam pouco, pois é o próprio Deus quem capacita seus operários para o auxílio mútuo. Ainda assim, é preciso haver disposição para abrir o coração e aceitar Jesus Cristo como Senhor e Salvador, repudiando o pecado.
E o que é o pecado? É tudo aquilo que afasta, divide, desune, vulnerabiliza o ser humano fazendo com que ele creia não ser amado, nem imagem e semelhança de Deus. O pecador está bichado, está doente; no entanto, continua sendo saboroso ao paladar do Criador, pois Ele sabe extirpar a parte estragada e aproveitar a parte boa. O Pai confia até o último momento, e só não cura aquele que não deseja ser curado, respeitando o nosso livre-arbítrio. Mas, para quê permanecer doente quando se pode desfrutar o bem-estar, livre do sofrimento e das amarras da dor, da culpa e do desamor?
Que neste ano recém-iniciado possamos experimentar a extensão do amor de Deus em nós, melhorando nossa autoestima, curando as partes doentes e estragadas. Exercitemos a crença no amor divino por nós e pela criação. Meditemos sobre a crucificação de Jesus e analisemos o valor dessa entrega com o intuito de anistiar os pecadores. Já não há sentido em persistir no erro se Cristo lavou nossos pecados com seu próprio sangue. Deixemos que as partes boas se sobressaiam. Vamos extrair toda a doçura que existe em nós.
* Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora. Acesse e divulgue o site da autora: www.mariaregina.com.br
Fonte: www.mariaregina.com.br
