Canísio Klaus *
Em toda parte e de muitas maneiras percebemos a religiosidade do povo acreditando que Deus está presente em sua historia. Isto fica mais evidente e visível nas festas dos padroeiros e das padroeiras, como pudemos experimentar no domingo passado, em Venâncio Aires, na festa de São Sebastião Mártir. É o que também pudemos experimentar em muitas outras festas e romarias de que participamos recentemente.
São milhares de fieis que se reúnem devotamente em torno dos santos e das santas. Acorrem aos santuários para agradecer e pedir graças, fazer e pagar promessas pelos benefícios recebidos de Deus por intermédio dos santos.
Essas maneiras de expressar a fé merecem o respeito e apoio da Igreja, pois manifestam o sentimento religioso e a piedade da alma do povo que busca, na religiosidade popular, saciar a sede do Deus vivo, e nele encontrar soluções para seus problemas existenciais. Torna-se, assim, expressão da espiritualidade popular.
Entre as expressões da espiritualidade popular contam-se as festas patronais, as novenas, os rosários e via sacras, as procissões e romarias, as danças e os cânticos do folclore religioso, o carinho aos santos e santas, em especial a Nossa Senhora, as promessas, as ofertas e as orações e celebrações.
Destacamos, na religiosidade popular, as longas peregrinações e romarias, onde é possível reconhecer o Povo de Deus a caminho. Aí o cristão celebra a alegria de se sentir imerso em meio a muitos irmãos, caminhando juntos para Deus que os espera. O próprio Cristo se faz peregrino e caminha, ressuscitado, entre os seus.
A decisão de caminhar em direção ao santuário já é uma confissão de fé. O caminhar é um verdadeiro canto de esperança e a chegada é um encontro de amor. O olhar do peregrino se deposita sobre uma imagem que simboliza a ternura e a proximidade de Deus. A súplica sincera, que flui confiante, é a melhor expressão de um coração que renunciou à auto-suficiência, que sozinho nada pode. É por isso, que muitos, em diferentes momentos da vida cotidiana, recorrem a algum pequeno sinal do amor de Deus: um crucifixo, um terço, uma imagem, uma vela que se acende para acompanhar um familiar enfermo, um Pai Nosso recitado entre lágrimas, um olhar confiante a uma imagem querida de Maria e de algum outro santo, um sorriso dirigido ao Céu em meio a uma alegria singela.
Todas estas manifestações da religiosidade popular são legais e aprovadas. Merecem atenção e cultivo e precisam ser valorizadas positivamente, sob a luz do Espírito Santo, para que conduzam os fiéis a uma verdadeira vivência e testemunho missionário na Igreja de Jesus Cristo. É preciso ser cristão autêntico, assumindo sua fé na vivência da partilha dos seus dons a serviço de sua comunidade, viver a pertença da sua comunidade, participar dos movimentos, organismos, pastorais e serviços de sua comunidade eclesial. Ser sócio colaborador e dizimista de sua Igreja Comunidade.
Que as festas dos santos padroeiros e padroeiras, que recentemente celebramos e iremos celebrar, nos aproximem mais de Deus e da Igreja de seu Filho Jesus Cristo, para que alcancemos as graças necessárias para nossas vidas.
Que os santos padroeiros protejam nossas comunidades e famílias.
* Dom Canísio Klaus, bispo de Diamantino (MT).
Fonte: www.cnbb.org.br