Jaime C. Patias *
A Campanha Missionária de 2010, organizada todos os anos pelas Pontifícias Obras Missionárias - POM, tem como tema "Missão e Partilha" e traz como lema "Ouvi o clamor do meu povo" (cf. Ex 3, 7b). Este ano, além das POM, a Campanha teve a colaboração da Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB na sua organização, e por isso os subsídios recordam a realidade daquela região, com seus povos e sua rica biodiversidade. A temática é inspirada na Campanha da Fraternidade numa perspectiva universal, para reafirmar a vida da própria Igreja que é, por sua natureza, missionária. O objetivo é aprofundar o sentido da nossa fé sem fronteiras e nos ajudar a viver o Mês das Missões e o Dia Mundial, no penúltimo domingo de outubro - dia 24.
(Acesse o material da Campanha Missionária 2010)
A origem da Missão como partilha se encontra no próprio Deus que por primeiro partilhou sua vida através da Criação e, mais tarde, confiou ao Filho Jesus o seu Plano de salvação para todos os povos. Jesus conclui sua missão entre os discípulos dizendo: "vós sereis testemunhas de tudo isso" (Lc 24, 48). Essa é, portanto, a Missão dos cristãos. Missionário(a) é uma pessoa sem fronteiras, que movida pelo desejo humano e divino de partilhar, derruba qualquer barreira, geográfica ou sociológica, religiosa ou humana, cultural, real ou virtual, para sair de si e ir ao encontro do outro, do diferente, do desconhecido. É evidente que, aos olhos de Deus Criador, o mundo não tem fronteiras. "Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar" (EN 13). Assim, a comunidade cristã nunca pode permanecer fechada em si mesma, no seu mundo pequeno, diocesano ou paroquial, pois o dom gratuito da fé deve ser alegremente partilhado: "a fé se fortalece quando comunicada" (RM 2).
O conteúdo da Campanha Missionária é um convite para lançar um olhar universal, aberto a todo o mundo, como aquele de Cristo que abraçava todos os povos e grupos humanos. Nessa perspectiva renovamos o entusiasmo e a esperança para que, "com a confiança que brota da fé" (RM 56) e com a força do Espírito Santo, "protagonista da missão" (RM 30), todo o batizado se empenhe para que a Boa Nova de Jesus chegue até os confins da terra.
Inspirador é o pensamento de dom Fulton John Sheen, arcebispo de Newport nos EUA: "a diocese, a paróquia ou o cristão que prefere gastar todas as suas energias em casa, antes de dedicá-las às missões, é semelhante à pessoa que, temendo o empobrecimento do coração pelo impulsionar o sangue até às extremidades do organismo, levanta barreiras para estancar o sangue no coração. Imediatamente se aperceberá que as mãos e os pés se paralisarão e o próprio coração se acaba".
Bem sabemos que os recursos materiais não são o verdadeiro problema das missões hoje. O que preocupa o mundo missionário é a escassez das vocações. As missões precisam de pessoas livres que se doem sem medo a esta causa, que é a causa de Cristo. O surgimento de vocações missionárias em nossas comunidades é sinal claro de sua maturidade cristã. Para ser verdadeiramente missionária, a Igreja no Brasil e no continente deveria dar daquilo que recebe.
* Jaime Carlos Patias, imc, diretor da revista Missões. Acesse: www.revistamissoes.org.br
Fonte: Revista Missões