Jaime C. Patias *
Os fundamentos bíblicos da Missão Ad Gentes, para o nosso tempo, inspirados no Evangelho de Marcos foi o tema de reflexão no segundo dia de estudo, parte da programação da Assembleia anual dos Missionários da Consolata, que acontece em São Paulo, de 20 a 27 de julho.
Padre Sérgio Bradanini, PIME, iniciou sua exposição na manhã desta quinta feira, 22, afirmando que "ainda não podemos dizer que o Brasil é realmente missionário, no âmbito da Missão Ad Gentes". Segundo o missiólogo, precisamos "agir com firmeza e rever as razões pelas quais acreditamos em Jesus. Precisamos de critérios e argumentos. Por que sou missionário? Por que acredito e quais são as razões?", questionou.
Analisando a realidade padre Sérgio disse ser necessário "observar e buscar as causas do mal estar que se manifesta nos acontecimentos sociais. Para além das tentações clássicas do ter, poder e prazer, hoje, temos a cultura da aparência traduzida na excessiva preocupação com a imagem". E acrescentou, "é neste mundo que nós devemos viver a Missão Ad Gentes".
Falando sobre os fundamentos bíblicos da Missão, padre Bradanini recordou ainda que "o Evangelho de Marcos, após uma introdução, mostra o projeto de Jesus. O conteúdo programático da Missão de Jesus se realiza no meio da gente em circulação. O horizonte de Jesus é livre de qualquer concorrência. Jesus é itinerante, está sempre em movimento", explicou para Sérgio lembrando que "nós pertencemos a Institutos missionários Ad Gentes, livres de qualquer concorrência e podemos mais facilmente nos identificar com a ação evangelizadora de Jesus".
O Evangelho de Marcos começa narrando. "Cumpriu-se o tempo, chega à sua plenitude, o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho" (cf. Mc 1, 15). Analisando a passagem padre Sérgio destacou que ela mostra uma iniciativa divina e uma resposta humana, a conversão acreditando no Evangelho.
Para o professor, a palavra ‘conversão', ao longo do tempo foi distorcida. "Substituir a palavra conversão pela penitência é uma distorção influenciada pelo moralismo. Conversão é mudança de mentalidade, de visão, de ótica que leva a retomar o caminho correto, uma mudança de rumo em todos os sentidos", disse explicando que "a conversão é no sentido prático diferente da visão moralista da penitência ou do complexo de culpo. Trata-se de mudar de ótica e num mundo conturbado, ver a presença do Plano de Deus. Eis a vocação profética que incomoda as estruturas. Para isso precisamos agir com justiça. Mudar de ótica significa assumir uma ética comportamental", completou.
Aplicando a reflexão, padre Bradanini recordou que "o missionário assume uma postura ética que cria fraternidade e conquista a liberdade na interdependência. A missão é uma relação que tem por objetivo viver a dimensão do Evangelho, constituir uma comunidade fraterna. Estar com Jesus: eis a nossa identidade. Não é suficiente saber que Jesus está conosco, é necessário que nós estejamos com ele realizando o projeto de fraternidade entre todos os povos. Somente quem conhece, convive e o segue até as últimas conseqüências, tem condições de anunciá-lo", arrematou.
Na parte da tarde, os participantes, organizados em grupos analisaram as atitudes de Jesus, presentes em dois textos do Evangelho de Marcos (Mc, 2, 1- 12) a cura de um paralítico, e (Mc 10, 46 - 52), O cego Bartimeu.
Fonte: Revista Missões