Droga: questão de saúde e segurança

Aldo Di Cillo Pagotto *

Droga: deve ser tratada como questão de saúde e segurança pública. Certamente! Reportagens documentam a problemática sob os mais diversos contextos éticos, sociais, econômicos, jurídicos, culturais.

Droga: desgraça prevista, anunciada e consumada que destrói precocemente milhares de vidas, desestabiliza a família, a ordem pública e institui um poder paralelo ao do Estado, comandado por narcotraficantes.

Independentemente da formação recebida (ou não) na família e na escola, ou da classe social, iniciantes logo se tornam tóxico-dependentes. Impõem a si mesmos a trajetória humilhante: a mudança radical de comportamento, o abandono de hábitos sadios e, por fim, dos ideais vocacionais e profissionais. O usuário se desestrutura e com ele a família. Parentes e amigos se afastam, ou então os patrocinam. A convivência antes amiga passa à suspeição. A marginalidade é inevitável. Situações de violência se sucedem.

Recentemente, às vésperas e dia seguinte ao Dia da Mulher, duas competentes servidoras do Estado foram sumária e barbaramente eliminadas por elementos (adolescentes) de livre circulação nos bairros nobres de João Pessoa. Capital ou interior, fatos semelhantes são comuns. Servem de amostragens do clima de insegurança para o qual precisamos oferecer respostas alternativas. Chegamos à conclusão de que entramos (há tempo) num regime de exceção. Liberdade, segurança, justiça, direitos humanos? Só nos lindos discursos acadêmicos ou em gabinetes.

Não bastam estatutos e planos que evidentemente pressupõem encaminhamentos e soluções, porém, impraticáveis por inexistência de infraestrutura e suporte financeiro. Não é tão difícil compreender isso! A droga seja tratada como questão não apenas de saúde como também de segurança pública! Trata-se do planejamento de políticas estruturais, não paliativas ou compensatórias.

Dificilmente os gestores estaduais e municipais conseguiriam manter clínicas (ou semelhantes) para a recuperação para adictos. Quem paga a conta de uma enormidade de exigências científicas e técnicas? Situações de risco específico ocorrem com crianças e adolescentes na própria escola, quando ausente o envolvimento das suas famílias - mesmo nos novos "modelos" de família. A urgência inadiável, ao nosso entender, é arrancá-las das mãos dos traficantes. Como fazer isso? Como fez a Colômbia! Estabelecer conselhos de bairros, capacitando voluntários para atuar de forma parceira com órgãos públicos, evidentemente com "inteligência" incluindo as Polícias, exercitando programas de prevenção ao uso de drogas. O "Proerd" da Polícia Militar é um exemplo paradigmático de prevenção e erradicação do uso das drogas, com resultados exitosos. Porém, se as famílias não se envolverem, ninguém dará conta do recado!

* arcebispo da Paraíba.

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