Roberto Malvezzi (Gogó)
O presidente Lula agora repete continuamente que "esse país precisa perder a mania de pequenez". É uma forma de justificar as obras grandiosas que tem orgulho de fazer.
Nesse sentido, o PAC, agora novo PAC, é um conjunto de obras ambíguas. Os investimentos em saneamento e habitação são inquestionáveis do ponto de vista do objetivo, embora possam ser questionados no modo de fazer. Os investimentos em água e luz são contraditórios, porque as obras para pôr água para quem mais necessita deveriam ser outras - adutoras que distribuam a água no semiárido, não a Transposição - e na energia se mantém a velha matriz, não se busca as novas matrizes limpas, mas o reforço das hidroelétricas, agora termoelétricas e energia nuclear. Por outro lado, obras como a Transposição, Belo Monte, barragens do Madeira, são claramente uma loucura governamental, dignas dos Faraós do Egito.
As obras, antes de nada, precisam ser inteligentes, não grandiosas. A inteligência de uma obra está no benefício que ela leva ao povo, particularmente aos mais necessitados, não no seu tamanho. Uma grande obra, se não for inteligente, pode levar ao desastre, como foi a Transamazônica, como promete ser a Transposição do São Francisco.
Além do mais, governar é muito mais que fazer obras. Existe uma dimensão qualitativa nos governos que não se mede em obras, mas na elevação da educação, da ciência, das tecnologias novas, da paz nas cidades, da paz no campo, do trânsito humanizado, na boa alimentação, no ar limpo, na cultura ativada, enfim, em todos esses índices que indicam a felicidade de um povo, não apenas o caixa das empreiteiras e a fatura dos políticos.
Nesse sentido, a candidatura da Dilma, de PAC em PAC, não apresenta até agora nenhum salto qualitativo em relação à era Lula.