Mutirão de Comunicação

José Mármol *

Promover espaços de diálogo sobre os processos de comunicação à luz da cultura solidária, na construção de uma sociedade comprometida com a justiça, a liberdade e a paz é o objetivo do Muticom.

Comunicadoras e comunicadores, profissionais da mídia, estudantes, docentes e pesquisadores da América Latina e do Caribe estão se preparando para participar do grande Mutirão de Comunicação - Muticom que vai se realizar em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, de 04 a 07 de fevereiro 2010. O tema central do evento é: "Processos de Comunicação e Cultura Solidária". No dia 02 de fevereiro começa o Encontro de Jovens comunicadores.

O Mutirão está sendo promovido nos diversos países do nosso "continente da esperança e do amor", como disse o papa Bento XVI. No Equador, por exemplo, a Associação Católica de Comunicação (SIGNIS-Ecuador) realizou, em dezembro de 2008, a "Minga de la Comunicación" (Mutirão de Comunicação) para analisar o direito à comunicação na nova carta constitucional, propondo subsídios para a nova lei da comunicação. Além disso, nas várias atividades que estão sendo realizadas em praticamente todos os países da América Latina se promove o Mutirão.

Espaço de intercâmbio
Toda a América Latina está debatendo sobre a necessidade de promover uma comunicação geradora de esperança, que seja uma ponte de encontro, de participação, de construção coletiva solidária de homens e mulheres que procuram um outro mundo possível de paz e fraternidade.
O Mutirão de Comunicação é isso: um espaço de intercâmbio, atualização, reflexão e aprofundamento dos temas da comunicação e da sociedade, na perspectiva da busca permanente de estratégias e caminhos para se estabelecer uma sociedade mais justa e comprometida com a liberdade e a paz.
O Mutirão de Comunicação é uma iniciativa que se realiza no Brasil desde 1998, de dois em dois anos. Por outro lado, desde 2001, a Organização Católica Latino-Americana e Caribenha de Comunicação - OCLACC tem realizado três edições do Congresso Latino-Americano e Caribenho de Comunicação, com objetivos similares ao Mutirão brasileiro. Para o Mutirão de Porto Alegre, as organizações católicas de comunicação no Brasil, as 18 dioceses do Rio Grande do Sul, a CNBB, o Conselho Episcopal Latino-Americano - CELAM, a OCLACC e outras instituições ligadas à comunicação decidiram organizar o Mutirão Latino-Americano e Caribenho de Comunicação para alimentar a reflexão, a investigação e o intercâmbio de experiências e compromissos que procuram a renovação de valores para a sociedade.

A crise e o desafio dos comunicadores
Conforme o Documento de Aparecida já tinha alertado, a globalização "comporta o risco dos grandes monopólios e de converter o lucro em valor supremo" (DA 60). O mundo vive, atualmente, a maior crise do sistema capitalista e que, como diz o papa Bento XVI, coloca à prova o futuro da globalização. Na realidade, a crise atual não é resultado de dificuldades financeiras imediatas, mas é uma consequência do estado de saúde ecológica do planeta e, sobretudo, da crise cultural e moral que se vive, cujos sintomas são evidentes há bastante tempo em todo o mundo (cf. Bento XVI, homilia de 1º de janeiro de 2009).
Esta crise exige dos comunicadores um grande compromisso para promover "uma globalização diferente da vigente e que esteja marcada pela solidariedade, pela justiça e pelo respeito aos direitos humanos", para fazer "da América Latina e do Caribe não somente o continente da esperança, mas, também, o continente do amor", como disse o papa Bento XVI em Aparecida.

* José Mármol é editor do Portal OCLACC - Organização Católica Latino-Americana e Caribenha de Comunicação.

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