Juventude. Esperanças?

Dom Aldo Di Cillo Pagotto

A cada dia mais acintoso, criminosos vinculados ao narcotráfico se organizam desafiando e desmoralizando a ordem e o Estado de direito. O poder do narcotráfico aciona e sustenta a violência estrutural. O poder do narcotráfico estabelece-se paralelamente aos poderes constituídos. O Estado demonstra evidente fragilidade. Por falta de investimento faltam capacitação e integração das polícias, logística, inteligência, equipamentos... Ao que parece, o Estado combate a criminalidade com discussões e discursos.

Da parte da criminalidade, percebe-se o lançamento de novas táticas. Entre outras, os defensores da descriminalização da droga. Usuários não podem ser penalizados. Isso já é lei. Devem ser protegidos, pois são tidos como vítimas. Em termos objetivos, equivale a afirmar que usuários passam a ter direito de usar droga. Portanto, têm direito de adquirir a droga para o próprio consumo. Logo, o comércio da droga deve ser legalizado, uma vez que o vício tornou-se um "direito". Seria essa a mensagem?

Ora, usuários se iniciam na adolescência ou mesmo na infância. Jovens se habituam. Tornam-se dependentes inveterados. Como fica a situação para dependentes químicos que queiram se tratar e se reabilitar? Sabemos que o Estado não possui infraestrutura para bancar um eventual tratamento. O Estado não está conseguindo reprimir o crime organizado porque lhe faltam condições. Na esfera da saúde pública, o caso de eventual tratamento para adictos. Quem assistiu o documentário veiculado no Jornal Nacional (26-30 de outubro pp.) convenceu-se disso.

Descomplexados, os defensores da liberação do uso da droga tentam persuadir a opinião pública a favor dos usuários, ou seja, a favor do consumo da droga. Em linguagem aberta, os doutrinadores sugerem o efeito medicinal de algumas drogas, a exemplo da maconha. Outros declaram que o uso de drogas já é um fato consumado. Legitima-se o fato de muita gente "usar pequenas doses", sem descriminar a quantidade. Estejamos certos de que a descriminalização do uso da droga conseguirá destruir a vida de milhares de jovens e desgraçar a vida das respectivas famílias.

Os defensores da liberação da droga assumem a atitude militante afirmando que o usuário tem liberdade de opção. Usa droga se quiser. Deve ser tolerado. Os padrões atuais da sociedade não reprimem usuários. O que eles não dizem é a constatação do fato: quem se iniciou com droga leve dificilmente se libertará da droga pesada, inevitavelmente oferecida nos estágios mais avançados de um dependente.

Acontece que o narcotráfico conta com gente graúda e movimenta bilhões, gerando divisas. Duvida-se que os doutrinadores que advogam a causa da liberação da droga estejam trabalhando por puro idealismo. Atrás deve rolar grana. Verdade seja dita, há mais tempo o Estado abandonou os empobrecidos à própria sorte, tal como aconteceu com a abolição da escravatura. Milhares de pessoas foram descartadas do processo de inclusão social. Marginalizaram-se ou foram marginalizados. O fato é que realmente já existe um estado paralelo ao Estado de direito, quando traficantes garantem o bem-estar aos moradores dos morros e favelas.

 

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