Comissão Nacional da Pastoral Familiar lança novo livro de formação e evangelização das famílias

Thácio Siqueira

"REGINA (Regulamentação Inteligente da Natalidade) – Fundamentos para o Planejamento Familiar" é o novo livro que acaba de ser lançado pela Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF).

O trabalho, fruto de pesquisas ereflexões de profissionais de áreas distintas, conta com três autores: a médica ginecologista com mais de 30 anos de atividade, Zélia Maria Gerent Dal Castel, a mestre em Direito e com estudos sobre biodireito, Maria Zoê Bellani Lyra Espindola, e o sacerdote da arquidiocese de Florianópolis (SC) e estudioso da bioética, Hélio Tadeu Luciano de Oliveira.

Entre os temas abordados no livro estão "A sexualidade humana como fonte de vida e de amor", "Planejamento natural da família e parentalidade responsável", "Métodos naturais de administração da fertilidade", entre outros.

"Realmente a nossa intenção com este livro não é a de preencher uma lacuna, mas sim de somar esforços àqueles já existentes", afirmou o Pe. Hélio Tadeu em entrevista a ZENIT. Acompanhe abaixo:

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ZENIT- "Regular a Natalidade" não é uma "ideia malévola" que nos faz lembrar ideias como "controle de natalidade", domínio que povos desenvolvidos exercem sobre os menos desenvolvidos, uso de anticoncepcionais? Onde entra a proposta desse novo livro?

Pe. Hélio: A discussão aqui não pode ser por nomes, mas sim por conceitos mais profundos. Com "regular inteligentemente a natalidade" nós evocamos o modo propriamente humano de espaçar a gravidez em nome de uma paternidade ou parentalidade responsável. Consideramos que a generosidade dos casais para consigo mesmo, para com a sociedade, para com a Igreja e para com Deus encaixa perfeitamente em uma concepção mais ampla de inteligência, que não busca apenas um método, mas a vivência da sexualidade dentro de uma proposta de felicidade que respeita o próprio casal e os faz verdadeiramente felizes.

Dentro deste contexto, com generosidade, amor e inteligência, é possível sim que um casal - e somente o casal - espace o nascimento dos filhos quando houver necessidade. Sendo assim, não se trata de "regular a natalidade" em vista de um egoísmo ou de deturpar a própria abertura à vida - essencial ao ato conjugal - e nem de delegar a alguém a decisão própria de ter filhos. Trata-se, sim, de viver a responsabilidade da decisão do casal de ter filhos a partir das suas circunstâncias de vida - olhando os fatores sociais, históricos, econômicos, etc. - e, sobretudo, com generosidade para com Deus e os demais.

O título do livro - REGINA - tornou-se uma sigla para Regulação Inteligente da Natalidade, mas em definitiva é uma homenagem à Nossa Senhora, pois Rainha é um dos títulos da nossa Mãe.

ZENIT- Um casal cristão pode, então, controlar a quantidade de filhos sem necessariamente estar indo contra a Vontade de Deus, muito pelo contrário, exercendo uma responsabilidade familiar?

Pe. Hélio: Sem nenhuma dúvida que sim. Diria mais, faz-se necessária sempre diante de Deus a decisão de se ter ou não um filho, pois a um filho deve ser amado desde o planejamento da sua vinda, antes mesmo da sua concepção. É claro que tal decisão pode ser ampla - quando as circunstâncias de vida do casal assim o permitam - simplesmente permitindo que os filhos nasçam. Mas se, ainda com generosidade, as circunstâncias de vida - nas suas mais variadas faces - fizerem o casal perceber que por um determinado período devem abdicar do dom precioso de um filho, então é sim correto ouvir o que Deus lhes pede e, seguindo a vontade de Deus, espaçar a gravidez através da inteligência e do conhecimento do próprio corpo.

A mentalidade contraceptiva e o egoísmo de quem separa a dimensão unitiva da procriativa pode ser vivida por qualquer pessoa independentemente do método que utilize. Aqui é muito importante frisar que não se trata simplesmente de um método, mas de uma proposta de vida.

ZENIT- Gerar um filho não é uma obrigação "sine qua non" do matrimônio? Mas num mundo onde não é fácil ter as condições para uma boa educação, é falta de confiança em Deus querer planejar o número de filhos e o tempo em que eles virão?

Pe. Hélio: Gerar um filho não é necessariamente uma obrigação do matrimônio. O que sim é exigido - a todos os matrimônios e a cada ato conjugal - é a fecundidade entendida como abertura à vida. Mas isso não significa nem que deva existir necessariamente a geração de um filho e nem mesmo que cada ato conjugal gere um filho. Em casos onde as circunstâncias o exijam, ainda querendo o dom de um filho, pode ser perfeitamente justo não tê-los e, em muitos casos, pode haver inclusive uma incapacidade para gera-los. Isso não significa que este casal não esteja vivendo a fecundidade e a abertura à vida - desde que o vivam de modo correto.

Ao mesmo tempo é necessário fazermos algumas considerações. É muito comum nos dias de hoje a consideração subjetiva da grande dificuldade e dos altos custos de se ter um filho. Porém, objetivamente, somos obrigados a concordar que as dificuldades atuais são muito menores do que aquelas vividas por nossos antepassados. Basta perguntar à maioria dos nossos avós quando eles e seus irmãos tiveram o primeiro sapato, quantas vezes comiam carne na semana ou mesmo qual o acesso à educação que eles tiveram. Parece-me que não é o custo e as dificuldades de se ter um filho que aumentaram, mas sim a sensação de que isso ocorreu por uma exagerada consideração do bem-estar material. Não digo que não haja desafios - existem - mas sim que quem ama poderia estar disposto a supera-los.

ZENIT- ​Esse livro traz uma proposta nova para o Brasil? Por quê?

Pe. Hélio: Nos últimos anos nós, os autores, nos deparávamos com uma grande falta de conhecimento por parte das pessoas - de dentro e de fora da Igreja - em relação à parentalidade responsável e os meios corretos de poder vive-la. É verdade que existem - em nível acadêmico e também pastoral - ótimas reflexões e ações sobre o tema. Mas também é verdade que não estamos chegando muito longe e que muitas pessoas vivem dentro de uma ignorância invencível nestes temas.

Realmente a nossa intenção com este livro não é a de preencher uma lacuna, mas sim de somar esforços àqueles já existentes. Propomos uma reflexão sobre a sexualidade, sobre a parentalidade responsável e sobre o método sintotérmico de um modo que cremos ser acessível, mas ao mesmo tempo com um respaldo científico - as citações bibliográficas são de artigos médicos atuais e grandes obras, reconhecidas no mundo acadêmico. Assim, nesta soma de esforços, buscamos dar argumentos fortes, mas que possam ser entendidos por todos.

Também, de um modo bastante prático, tentamos motivar os casais a que se conheçam profundamente, tanto na afetividade como na fisiologia dos seus corpos e, assim, possam viver com inteligência a abertura à vida e a parentalidade responsável.

Para adquirir o livro de formação e evangelização familiar acesse: www.lojacnpf.org.br ou ligue: (61) 3443.2900

Fonte: www.zenit.org

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