Patrícia Silva
Com programação que começou na paróquia Menino Jesus de Praga e encerrou com a celebração de bênção da 1ª abadessa do Ceará, na Abadia Nossa Senhora da Vitória, em Juazeiro do Norte (CE), aproximadamente mil pessoas estiveram presentes no Jubileu da Vida Consagrada. A comemoração foi realizada nesta terça, 24, festa da Natividade de São João Batista e fez parte das celebrações do centenário da diocese de Crato. A celebração foi presidida por dom Fernando Panico e concelebrada por outros bispos, abades, priores e padres.
Uma tarde de oração, testemunho, reflexão e partilha a partir de carismas específicos da Vida Religiosa, foi o que as religiosas e religiosos, de todas as congregações da diocese puderam vivenciar, tendo em vista o trabalho de doação através da vida de cada um pelo anúncio do Evangelho.
Para a Irmã Vera Lúcia Alves de Andrade, da Congregação Filhas de Santa Tereza de Jesus, a celebração do centenário está sendo um momento de muito júbilo, pois ele está proporcionando uma constante caminhada de fraternidade. "Hoje nos reunimos para celebrar uma história vocacional de entrega, doação, serviço e seguimento incondicional da pessoa de Jesus Cristo a partir dos nossos carismas. Sentimo-nos muito felizes, particularmente, porque nossa congregação, que já tem 91 anos de história, foi criada dentro do seio desta diocese. Celebrar este Jubileu é celebrar também a nossa existência enquanto congregação religiosa que se doa pelos mais necessitados", disse.
A coordenadora regional da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), Irmã Maria Áurea Marques, em carta lida no momento de partilha, disse que celebrar um jubileu é fazer memória da Aliança de Javé com o seu povo. Ela desejou que "as celebrações desse momento histórico da diocese de Crato, fortaleça a fé e a esperança do povo, revigorando as forças da Vida Consagrada presente nessa realidade do Cariri, com sua profunda história de fé".
Este Jubileu, segundo o padre Edmilson Neves, cura da Catedral Nossa Senhora da Penha, em Crato, permite que todas as pessoas contemplem o grande mistério, o chamado de Deus a homens e mulheres a um estado de vida de consagração através dos votos de obediência, pobreza e castidade. "Um estilo de vida alicerçado nas coisas fraternas e conselhos evangélicos", afirmou ele.
Dom Fernando expressou muita gratidão por esta vivência no ano do centenário. Segundo ele a Vida Consagrada na Igreja deve ser motivo de grande alegria e hoje toda a diocese só pode render graças a Deus pela presença de tantos religiosos e religiosas que apresentam o testemunho, com a própria vida no caminho de Jesus Cristo levando a todos a verdadeira e única felicidade.
Este Jubileu foi o quarto específico celebrado dentro das comemorações ao centenário da diocese de Crato. Os já vivenciados foram o das Crianças, Juventude e Renovação Carismática e Novas Comunidades.
A Bênção Abacial
Um dos momentos mais importantes do Jubileu da Vida Consagrada foi a bênção da primeira abadessa da Abadia Nossa Senhora da Vitória, a Madre Maria Aparecida Menezes do Couto, que tem 51 anos de Vida Consagrada a Igreja, através da Ordem de São Bento. Com a bênção a nova abadessa assume o múnus, que é antes de tudo espiritual, de conduzir sua comunidade à santidade.
O ritual faz parte do pontifical romano e nele se celebra as orações da Igreja por esta consagrada. Ela também faz a renovação dos seus votos e recebe a aliança que sela o seu compromisso com Deus e a Igreja, a mesma recebida no dia de sua consagração. Na aliança da Abadessa está gravado o lema que ela escolheu: "Como serva do Senhor".
Padre Edmilson explica que esta é uma cerimônia realizada de forma inédita na diocese de Crato. "Nestes 100 anos de caminhada diocesana, esta é a primeira vez que realizamos a bênção abacial, e até mesmo em todo o Ceará, pois a Abadia Nossa Senhora da Vitória é a primeira no Estado. Esta é uma bênção reservada às grandes abadias e nós fomos agraciados por Deus, pela presença da Abadia Beneditina", afirmou ele.
Dom Fernando disse que se sente muito feliz por, no contexto do Jubileu, um Mosteiro de sua diocese se tornar Abadia, e complementou dizendo que ser abadessa ou abade, dirigir uma comunidade é tornar-se um modelo para toda a comunidade. "A abadessa é a mãe espiritual do mosteiro", afirmou.
A nova Abadessa afirmou que é a sua vida de monja que vai sustentar a comunidade. "Para São Bento o superior não muda de tempos em tempos como em outras congregações, mas permanece enquanto pode. Nós vamos continuar do mesmo jeito, só que com uma responsabilidade maior, porque a elevação de um Mosteiro a Abadia é um voto de confiança em primeiro lugar do bispo, da Congregação Beneditina do Brasil. É um reconhecimento oficial da Santa Sé de que o Mosteiro anda segundo a sua missão como monjas beneditinas. É um reconhecimento oficial e não uma promoção. Não é título, mas uma responsabilidade maior", afirma.
Disse ainda que receber esse título jamais passou por sua cabeça. "Eu entrei para ser monja, mas sou a serva do Senhor. Me entrego ao Senhor e sei que Ele tem um plano para cada um de nós. Para mim isso é uma consequência e não motivo de orgulho. Vejo isso como um sim a mais que Deus me pede e eu dou de todo o coração", disse.
A Abadia e a Abadessa
A Abadessa Maria Aparecida de Menezes do Couto nasceu no dia 1º de dezembro de 1940, na cidade de Niterói (RJ). Entrou no mosteiro da Santa Cruz, em Juiz de Fora (MG) no dia 24 de fevereiro de 1963, realizando sua profissão monástica em 2 de fevereiro de 1965. Foi eleita prioresa do Mosteiro Nossa Senhora da Vitória dia 8 de junho de 2000 e como abadessa em 18 de março de 2014, recebendo a bênção abacial dia 24 de junho de 2014.
Dom Fernando falando sobre a Abadessa disse que todos apreciam o seu jeito sereno e destemido, suave e forte, meigo e sério, com que ela dirige o mosteiro. E continuou falando que reza para que a Abadia seja uma efusão de bênçãos sobre toda a diocese.
No Brasil existem sete mosteiros masculinos e 13 femininos da Ordem Beneditina e para o Presidente Abade, dom Filipe da Silva, que esteve na celebração, a presença da 1ª Abadia do estado do Ceará é sinal de que a ordem está crescendo. "Isso significa que o ideal de vida monástica, segundo São Bento, está se expandindo e hoje se revela que há um progresso na vida religiosa a ponto de uma comunidade de mosteiro se tornar abadia, ou seja, o ideal está se espalhando e progredindo de forma positiva", disse.
Esteve presente também a Madre fundadora do Mosteiro Nossa Senhora da Vitória que hoje exerce sua vida monástica, no Mosteiro Nossa Senhora das Graças em Belo Horizonte, a Abadessa Emérita Mectildes Vilaça Castro. "Este é um momento de intensa alegria por ver que algo que a gente plantou, cresceu e chegou ao apogeu. Passa todo um filme em nossa cabeça. Só temos a agradecer a Deus por tudo", disse ela.
O Mosteiro Nossa Senhora da Vitória foi desmembrado da Abadia de São Cristóvão, em Sergipe, se tornando agora a primeira Abadia do Estado do Ceará.
Fonte: www.diocesedecrato.org