Radio Vaticano
O Santo Padre refletiu hoje sobre o pecado da corrupção política, econômica e eclesiástica e pediu orações por quem sofre as suas consequências
Cidade do Vaticano (RV) - "O corrupto irrita Deus e faz o povo pecar", disse o Papa, que na missa celebrada na Casa Santa Marta, terça-feira, 17, voltou a falar sobre o martírio de Nabot, narrado no primeiro Livro dos Reis. Francisco reiterou que "para os corruptos, existe só uma saída: pedir perdão para não serem amaldiçoados por Deus".
Quando alguém entra no caminho da corrupção, "rouba a vida, usurpa e se vende". Papa Francisco voltou a denunciar com firmeza a corrupção inspirando-se na leitura do dia, centrada no assassínio de Nabot a mando do rei Acab, que invadiu a sua vinha. O Profeta Elias, observou o Pontífice, diz que o corrupto Acab "se vendeu". "Como se tivesse deixado de ser uma pessoa e se transformado numa mercadoria, num negócio de compra e venda".
"Esta é a definição: uma mercadoria! O que fará o Senhor com os corruptos... Ontem, dissemos que existem três tipos de corrupção: a política, a dos negócios e a eclesiástica. Todos os três fazem mal aos inocentes e aos pobres, porque são eles que pagam a festa dos corruptos! A eles vai a conta. O Senhor diz claramente o que fará: "Farei cair sobre ti a desgraça; varrerei a tua raça, exterminarei os varões da casa de Acab, ligados ou livres em Israel".
"O corrupto - prossegue - irrita Deus e faz pecar o povo!" Jesus disse isso claramente: aquele que "faz escândalo é melhor que se jogue no mar", o corrupto "escandaliza a sociedade, escandaliza o povo de Deus". O Senhor anuncia então a punição para os corruptos "porque escandalizam, porque exploram aqueles que não podem se defender, escravizam": "As aves do céu vão devorar você". O corrupto, continua Francisco, se vende para fazer o mal, mas ele não sabe: ele acredita que se vende para ter mais dinheiro, mais poder". Mas, insiste o Papa, na verdade, "se vende para fazer o mal, para matar". Por isso, adverte: "Quando dizemos: ‘Este homem é um corrupto; essa mulher é uma corrupta... Mas vamos parar um pouco': ‘Você tem prova disso?" Porque, evidencia o Papa, "dizer a uma pessoa que é um corrupto ou uma corrupta, é dizer isso: "é dizer que está condenada, é dizer que o Senhor a mandou embora":
"São traidores e corruptos, mas são muito mais. A primeira coisa na definição de corrupto é alguém que rouba, que mata. A segunda coisa: o que cabe aos corruptos? Esta é a maldição de Deus, porque exploraram os inocentes, aqueles que não podem se defender e fizeram isso com luvas, à distância, sem sujar as mãos. A terceira coisa: há uma saída, uma porta de saída para os corruptos? Sim! ‘Quando ouviu estas palavras, Acab rasgou suas vestes, pôs um saco sobre seu corpo, e jejuou. Ele se deitava com o saco, e caminhava com a cabeça baixa. Começou a fazer penitência".
Isso, destaca o Papa, "é a porta de saída para os corruptos, para os políticos corruptos, para os empresários corruptos e para os eclesiásticos corruptos: pedir perdão!". E acrescenta, "o Senhor gosta disso". O Senhor "perdoa, mas perdoa quando os corruptos" fazem "o que fez Zaqueu: ‘Eu roubei, Senhor! Vou dar quatro vezes o que eu roubei!"
"Quando lemos nos jornais que este é corrupto, que aquele outro é um corrupto, que praticou aquele ato de corrupção, e que a propina vai daqui, vai de lá, e lemos também muitas coisas sobre alguns prelados. Como cristãos, nosso dever é pedir perdão por eles e que o Senhor lhes conceda a graça de arrependerem-se, que eles não morram com o coração corrupto ... "
"Condenar os corruptos, sim", concluiu o Papa, "pedir a graça para não se tornar corruptos, sim!" e "também rezar pela conversão deles"! (CM-SP)
Fonte: pt.radiovaticana.va