XIII Romaria da Terra e da Água Padre Josimo - Firmes na Terra, Semeando Vida!

Antônio Carlos Pereira da Silva (Tonny) / Revista Missões

Na região do Bico do Papagaio, Tocantins, marcada pelo martírio do Pe. Josimo Morais Tavares aconteceu a XIII Romaria da Terra e da Água Padre Josimo em Esperantina, nos dias 10 e 11 de maio de 2013.

De diversos lugares da região, de outras cidades e estados, uma multidão de romeiros e romeiras se reuniram em Esperantina para celebrar os 27 anos do martírio do Pe. Josimo Morais Tavares, assassinado em Imperatriz, MA, dia 10 de maio de 1986, a mando de latifundiários da região do Bico do Papagaio. Mulheres, homens, idosos/as e crianças proclamavam numa só voz: "Firmes na Terra, Semeando Vida".

Fomos acolhidos pela equipe de coordenação da romaria, junto com o Bispo de Tocantinópolis, dom Giovane Pereira de Melo.

Dona Olinda
Estava presente a mãe do Pe. Josimo, Dona Olinda, bem como amigos/as e companheiros/os que trabalharam com Ele, Indígenas Apinajé e Krahô. Destacamos a presença da Mada e Bia, agente de pastoral que muito contribuiu para conquistas e lutas de povo junto com Josimo.
Dom Heriberto Hermes, bispo emérito de Cristalândia e Dom Felipe Dickman, bispo de Miracema do Norte, se fizeram presente na romaria.

Após a acolhida e oração, lembrando os escritos espirituais do Josimo, bem como os compromissos que ele assumiu, a multidão se dirigiu para as oficinas temáticas:
1° Território, comunidades e povos tradicionais e povos originários (quilombolas e povos indígenas).
2° Hidroelétrica nos rios Tocantins e Araguaia, impactos sociais, culturais e ambientais.
3° Agroecologia e reflorestamento.
4° Juventude fazendo história.
5° Organizações sociais, conquistas e lutas dos trabalhadores do Bico do Papagaio.
6° Estado para quê? Estado para quem?
7° Não ao trabalho escravo.
8° Ciranda das crianças.

Após a janta os romeiros e romeiras foram para a Tenda para um filme, sobre os males dos agrotóxicos. Em seguida, começou a noite cultural, vários artista do povo apresentaram seus cantos e sua arte. As mulheres indígenas fizeram uma dança ritual.

Na manhã do domingo, às 5h00 da manhã, o dia começou com a alvorada, fogos, cantos, café e festa, convocando o povo para a grande caminhada martirial.

O povo foi acolhido com o mantra: "Firmes na terra, semeando vida! Como a vida d'Ele: o Mártir Josimo".
Foram convocados os mártires para celebrar conosco nesta romaria, a multidão respondia: "Presente em nossa caminhada!"

Josimo, Margarida Alves, Dom Oscar Romero, Ir. Dorothy, entre outros mártires, podíamos ver seus rostos e sua memória sendo lembrada pelos romeiros e romeiras.

A caminhada seguiu pelas ruas de Esperantina, cantando "Venham todos cantemos um canto que nasce da Terra...,
"ESTAMOS TODOS HÁ VINTE E SETE ANO NESTA ROMARIA JUNTO COM JOSIMO, DEVOTOS DO SENHOR E ROMEIROS E ROMEIRAS A CADA DIA, ONTEM, HOJE E SEMPRE!"

Foi proclamado o texto de Apocalipse, 21,1-7 - "Eu vi, então, um novo céu e nova terra".
A primeira parada se proclamou: "Ouvi o clamor do meu povo". Foi proclamado o texto de Ex, 31-10. Após o mantra: "Vidas pela Vida,..." foram lembrados os clamores de um posseiro de Goiatins, pressionado para deixar suas terras, os clamores de uma mulher de Xambioá, temendo por seus filhos face à crescente violência na cidade, o clamor de uma mulher Apinajé, preocupada por mais uma barragem anunciada que irá atingir a terra de seu povo, o clamor de um boia-fria de Ananás, explorado pelo monocultivo do eucalipto e seus venenos, o clamor de um jovem de Araguaína, preso nas armadilhas da droga.

Na segunda parada: "Quero ver brotar o direito como água e a justiça como riacho que não seca.", (Amós 5,24). Lembraram que somos todos e todas, filhos da terra e das águas, pescadores, ribeirinhos, e todos respondiam: "Somos da Terra, somos da Água, somos da Vida".

Na terceira parada, "Missionários do Reino da Vida". Foi proclamado o texto Atos 14,19-28, depois escutamos Luiza Canuto, Dona Oneide e Palmeira, três ‘sobreviventes' que, cada um à sua maneira, afirmam: "Meu compromisso é com o Reino da Vida".

Depois das três paradas, Dom Giovane faz esta bela oração:
"Deus da Vida, Pai de Jesus e nosso Pai, em clima de romaria celebramos a Páscoa de Jesus na páscoa dos mártires da caminhada. Nós Te bendizemos pelo amor que neles venceu o medo e o ódio. Com Maria proclamamos que és forte e derrubas dos tronos os soberbos e os poderosos, que és justo e levantam humilhados e famintos, garantindo-lhes o direito e a justiça. Que és fiel e nunca se esqueces de tua promessa. Porque és o Deus dos pobres e oprimidos. Pedimos que derrame em nós a força de Teu espirito como fez em nossos pais e mães da fé: na terna firmeza de Dorothy, na alegria determinada de Josimo, na força de Gringo, na fé indomável de Expedito, na profética coragem de Romero, na total entrega de João Bosco, na santa teimosia de Margarida, na vida invencível e sempre ressuscitada de tantas irmãs e irmãos que semearam suas vidas por causa do povo, para o Reino da vida. Que Teu Espírito nos faça testemunhas desta fidelidade: fidelidade a Ti, Deus dos pobres. Fidelidade aos pobres da terra. Fidelidade ao projeto de uma terra sem males, novos céus e nova terra, pachamama e adamáh, abaia iala, terra e mata livres, de todos e todas nós. Amém, Axé, Awiri, Aleluia!

Chegando nas tendas, se deu continuidade à celebração, presidida por Dom Giovane, concelebrada por Dom Felipe e Dom Heriberto, e padres da diocese de Tocantinópolis.

A final da eucaristia, os romeiros e romeiras foram enviados a continuar suas missões, sendo vidas Pela Vida, Testemunhas do Reino.
A multidão foi aspergida pelas freiras Bia e Mada, com água perfumada.

Todos os romeiros e romeiras foram para os locais que estava servindo o almoço, depois retornaram para suas cidades.
Edevaldo, Douglas Mansur e eu fomos para Buriti do Tocantins, onde estão os restos mortais do Pe. Josimo, comunidade onde se encontra também o mural pintado pelo Cerezo.

Fonte: Antônio Carlos Pereira da Silva (Tonny) / Revista Missões

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