Joseph Onyango Oiye *
Para que os cristãos, inspirados pela Palavra de Deus,
se comprometam com o serviço aos pobres e aos que sofrem.
Jesus Cristo sempre considerou os pobres e os que sofrem em primeiro lugar em sua missão, e os textos do Evangelho nos apontam a sua preocupação e aproximação para com eles. É por isso que as expressões "pobre" e "os que sofrem" não são vocábulos apropriados para os seguidores de Cristo no sentido pejorativo ou depreciativo. O ensino mais distintivo do cristianismo é que Deus deixou a esfera do divino e entrou completamente na experiência humana. Nesse processo, Jesus mostrou ao mundo que os seres humanos podem ser santos mediante a compaixão prática em favor dos pobres, dos oprimidos, dos excluídos e dos estrangeiros.
O Evangelho revela a verdade irresistível de que Jesus foi tocado pelas necessidades humanas, e atendeu-as por atos de misericórdia. Muitas vezes, Ele chamava a atenção para as preocupações dos pobres e desprezados. Cristo tinha um interesse particular em alcançá-los e partilhar com eles a Boa Nova da Salvação. Mas, Jesus também atendia às suas carências físicas e muitas vezes antes mesmo de suprir-lhes as insuficiências espirituais, desafiava aqueles que tinham recursos, a cuidar dos pobres como sendo seu dever. Segundo a fala de Cristo, os pobres e os sofridos nos proporcionam a oportunidade de fazer o bem, pois eles são um teste de aptidão para o Reino (Mt 25, 31-46).
"Tenho compaixão da multidão... não têm o que comer", disse Jesus no Evangelho de Marcos (Mc 8, 2). O desafio persistente que a pobreza apresenta aos seguidores de Cristo é de ir além de simplesmente falar a verdade sobre o amor e o cuidado, para viver a verdade em atos de compaixão e bondade. O modo concreto de aliviar os fardos dos pobres e necessitados é vê-los como pessoas com as quais estamos unidas em Deus. Não podemos realmente "louvar a Deus de quem todas as bênçãos fluem" e ignorar a realidade de um mundo de sofrimento e miséria. As bênçãos de Deus precisam fluir através de nós, de modo que produzamos a diferença na vida dos necessitados.
Fé e obras
O apóstolo Tiago disse: "se o irmão ou irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento cotidiano, e um de vocês lhes disser: vão em paz, aqueçam-se e alimentem-se, e não lhes der as coisas necessárias para o corpo, de que adianta isso? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma" (Tiago 2, 15-17). Esse é um chamado para a missão. Um discípulo de Cristo verdadeiro não pode tratar com indiferença as desigualdades materiais e a manifestação de poder e privilégio que atingem a tantos e leva ao empobrecimento espiritual de outros. O Evangelho convida o discípulo de Cristo e a Igreja à solidariedade com os que sofrem a fim de juntos podermos receber, incorporar e partilhar a Boa Nova de Jesus para melhorar a vida de todos.
Refletindo sobre a intenção missionária desse mês, cada cristão deveria se perguntar: eu sou cuidador do meu irmão? O sofrimento do meu semelhante me causa dor? Como posso me chamar de seguidor de Cristo quando não me preocupo com meus semelhantes? Como posso representar o Reino de Deus e não me preocupar profunda e praticamente com as pessoas que estão incluídas nele?
* Joseph Onyango Oiye, imc, é seminarista queniano em Feira de Santana, BA.
Fonte: Revista Missões