Camilo Pauletti *
Nos dias 29 de maio a 3 de junho, tive a oportunidade de visitar um pouco da realidade missionária de Roraima. O bispo dom Roque Paloschi foi me receber no aeroporto e, receptivo, também me deixou lá no regresso. Assim, contemplei o testemunho desse bispo, despojado, disponível e simples. Vai ao encontro do povo, dá atenção aos missionários, vive sem salário e gasta sua vida em prol da missão. Um belo exemplo! Também os missionários que vivem nessa diocese são testemunho de inserção e vida pobre no meio do povo.
Participei de três celebrações na cidade, duas na Solenidade de Corpus Christi. Numa delas a procissão foi embaixo de chuva. É um povo que manifesta sua fé com firmeza. Estive também por três dias no interior, na região da Serra da Lua, visitando e celebrando nas comunidades indígenas Wapixana e Macuxi, junto com dom Roque, padre Urbano (Jesuíta) e Irmã Mônica (Filhas da Caridade). Nessa convivência e visitas, percebi como andam nossos missionários, sua aproximação com o povo. Eles enfrentam muitos mosquitos, o calor, andam no barro e nas estradas inseguras. Mas por outro lado, são bem acolhidos e fazem um trabalho importante de valorização desses povos.
Uma vida dura, simples, despojada, longe dos recursos modernos, em comunidades por vezes sem energia elétrica, sem telefone, sem hospitais, estradas péssimas e distantes da cidade. Mas os missionários andam ali, dormem, comem, celebram, dão formação e convivem com o povo.
A diocese de Roraima, com um território de 224.299 Km2 e aproximadamente 500 mil habitantes, tem cerca de 70 missionários e missionárias entre padres, religiosas(os) e leigos(as). Possui áreas indígenas de diferentes etnias e uma capital em crescimento populacional. Boa Vista tem cerca de 300 mil habitantes e grandes desafios urbanos, seja a violência, drogas, desemprego, atendimento de saúde péssimo, casas precárias, etc. Vida difícil de um povo, partilhada pelos missionários que também vivem nesse meio.
Em tudo isso, é bonito ver a organização das comunidades e da diocese. Há ajuda e apoio aos missionários que trabalham nas regiões mais carentes, em um compromisso conjunto. Percebe-se uma verdadeira Igreja missionária. Diante dos grandes desafios, da pobreza e das perseguições, existe solidariedade, partilha e compromisso com o Evangelho, com os mais pobres, em busca da construção do Reino de Deus. Parabéns à Igreja em Roraima com seu bispo, missionários, missionárias e lideranças.
* Padre Camilo Pauletti, diretor das Pontifícias Obras Missionárias.
Fonte: www.pom.org.br