Júlio César Caldeira *
Para que o Espírito Santo faça surgir em nossas comunidades numerosas vocações missionárias, dispostas a consagrar-se plenamente à difusão do Reino de Deus.
Ser cristão é crescer como filho de Deus (1Jo 3, 1-2), conviver com os outros amando-os como irmãos (Mt 23, 8-11), transformar o mundo sendo sal e fermento para todos (Mt 5,13-16; 13,33) e amar a Deus como Pai e a Jesus como Amigo e Irmão (Mt 6, 9-15; Jo 15, 13-15). Assim, vemos que não existe uma pessoa que não seja convidada ou chamada por Deus a ser mais do que é. Resumidamente, a vocação requer: 1) uma oferta de Deus (um chamado); 2) resposta da pessoa que foi chamada (a acolhida do chamado); 3) compromisso com Deus e com os irmãos (doação). Pensemos que Deus continua chamando muitos para continuar o seu plano de construir o Reino: "Ide por todo o mundo e anuncie o Evangelho a toda criatura" (Mc 16, 15).
A vocação missionária
"A vocação missionária é a vocação de quantos amam profundamente Nosso Senhor e desejam torná-lo conhecido e amado, e que estão dispostos a enfrentar qualquer sacrifício", dizia José Allamano.
No entanto, ainda falta muito por fazer... e, infelizmente, temos uma constatação: mesmo sendo o país mais católico do mundo, o Brasil enviou "apenas" 1.829 missionários além-fronteiras, sendo que mais de 80% foram mulheres e religiosas, e apenas 0,5% leigos e menos de 1% padres diocesanos. Ainda temos muito a crescer na consciência e participação na missão da Igreja.
Com relação aos três âmbitos missionários descritos na Redemptoris Missio n.33, a missão Ad Gentes abrange 70% da população mundial, a nova evangelização, 27% e o cuidado pastoral, 3%. No entanto, a maioria esmagadora dos "missionários católicos" estão desenvolvendo atividades para estes 3%, fazendo-nos refletir que ainda falta muito para sermos uma Igreja verdadeiramente missionária, participante da missão de Deus, que se realiza até "os confins da humanidade" (cf. Mc 16, 15; Mt 28, 20).
Enganam-se os que pensam que o chamado à vida missionária além-fronteiras, onde quer que seja, é somente para padres e freiras. Com as orientações dos últimos anos, tem crescido a consciência missionária nos cristãos, especialmente dos leigos e das Igrejas Locais, de que pelo batismo todos somos missionários. O Concílio Vaticano II, realizado de 1962 a 1965, que buscou renovar a Igreja, reconheceu também a responsabilidade específica do leigo na missão da Igreja, pois a missão do leigo é a missão da Igreja: anunciar a Boa Nova do Reino pela maneira de viver em comunhão fraterna e na participação na construção do mundo pelo modo de ser cristão.
Rezemos para que o Espírito Santo suscite em nossos corações e em nossas comunidades vocações missionárias religiosas, sacerdotais e laicais, pois "a messe é grande, mas os trabalhadores são poucos; pedi, pois, ao Senhor da messe que envie trabalhadores para sua messe!" (Mt 9, 37-38).
* Júlio César Caldeira, imc, missionário brasileiro em Sucumbíos, Equador. Publicado na edição Nº05 - Junho 2011 - Revista Missões.
Fonte: Revista Missões