José Allamano: discípulo e missionário da Palavra

Giovanni Crippa *

No dia 16 de fevereiro celebramos a festa do Bem-aventurado José Allamano, Fundador de duas Congregações para a evangelização dos povos.

No dia 30 de setembro de 2010, após dois anos da XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos ocorrida de 5 a 26 de outubro de 2008, o papa Bento XVI assinou a Exortação Apostólica Verbum Domini. Abordando o tema: "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja", o papa lembra que "não existe prioridade maior do que esta: reabrir ao homem atual o acesso a Deus, a Deus que fala e nos comunica o seu amor para que tenhamos vida em abundância (cf. Jo 10, 10)" (VD 2). A Igreja, portanto, é chamada a viver a "tensão missionária de anúncio da Palavra de Deus que cura e redime todo o ser humano; ainda hoje Jesus ressuscitado nos diz: Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda a criatura" (Mc 16, 15) (VD 121). Partindo das considerações da Verbum Domini buscaremos ler a experiência da Palavra vivida pelo Bem-aventurado José Allamano cuja memória litúrgica celebramos no dia 16 de fevereiro.

Discípulo da Palavra
José Allamano (1851-1926), fundador dos missionários e missionárias da Consolata, considerava a Sagrada Escritura a alma do estudo teológico e da vida missionária: "a Sagrada Escritura é o nosso primeiro livro e no Instituto deve ser a primeira matéria de estudo. Na missão deverá ser objeto da vossa leitura cotidiana e a vossa consolação".

A Verbum Domini afirma que "na base de toda a espiritualidade cristã autêntica e viva, está a Palavra de Deus anunciada, acolhida, celebrada e meditada na Igreja" (VD 121) e indica, entre outros, o método da Lectio Divina (cf. VD 86-87).

A leitura atenta e profunda da Palavra foi o fundamento da vida espiritual e o princípio base da santificação na vida de Allamano. Desde os primeiros anos de sacerdócio assumiu o compromisso de dedicar, cada dia, meia hora à leitura da Sagrada Escritura. Como base da sua meditação, Allamano tinha a Sagrada Escritura. A Palavra acolhida, lembrava aos seus missionários, precisa ser meditada ou "ruminada" para "transformá-la em alimento vital". A oração, depois, é chamada a digerir a Palavra. Por isso é necessário invocar as luzes do Espírito Santo para que possamos compreendê-la plenamente. A contemplação, enfim, faz com que a Palavra penetre em nossa vida. A contemplação, para Allamano, é tornar-se Palavra, é eliminar a distância existente entre Palavra e vida, é fazer com que ela - como em Maria - encontre morada em nós.

Missionário da Palavra
O verdadeiro discípulo, porém, nunca deve esquecer que ele é, também, missionário. Por isso, a terceira seção da Verbum Domini destaca a missão dos cristãos, "destinatários", mas também "anunciadores" da Palavra de Deus através da palavra e do testemunho. "Não podemos guardar para nós as palavras de vida eterna que recebemos no encontro com Jesus Cristo: são para todos, para cada homem. Cada pessoa do nosso tempo - quer o saiba, quer não - tem necessidade deste anúncio" (VD, 91).

Para Allamano, a Palavra deve tornar-se comunhão e missão, isto é, ação. É o último passo da Lectio Divina. Deus nos chama, através da sua Palavra, para fazer a experiência da comunhão e para partilhar a sua missão. O missionário, portanto, deve ter a "missão no coração" e o "ardor missionário" para levar a consolação, que é Jesus, até os confins do mundo.

* Giovanni Crippa, imc, é doutor em História da Igreja e pároco da Paróquia Santíssima Trindade em Feira de Santana, Bahia. Publicado na revista Missões, N. 01 - Jan-fev 2011.

Fonte: Revista Missões

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